Governo de SP vai manter presidente do conselho da Sabesp, que tinha cargo na Equatorial

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O Governo de São Paulo definiu as três indicações que fará ao novo conselho de administração da Sabesp e manteve o nome de Karla Bertocco entre seus representantes.

A executiva é a atual presidente do conselho da companhia de saneamento e, como mostrou reportagem da Folha, teve um cargo no comando da Equatorial até dezembro de 2023.

A atuação de Bertocco no conselho da única empresa interessada na privatização abriu margem para executivos questionarem sobre possíveis conflitos de interesses.

Segundo pessoas familiarizadas com o processo, a assembleia geral de acionistas deve ser convocada nesta segunda-feira (26). A reunião ocorrerá em até 30 dias, quando os novos integrantes serão eleitos.

O novo conselho de administração terá nove membros, sendo três indicados pelo Governo de São Paulo, três indicados pela Equatorial —que virou acionista de referência, com 15% da companhia— e três conselheiros independentes.

Além de Bertocco, a gestão de Tarcísio de Freitas (Republicanos) vai reconduzir Anderson Marcio de Oliveira, que é braço direito da secretária de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística, Natália Resende.

Oliveira, que integra o conselho da Sabesp desde maio de 2023, é mestre em direito regulatório e em direito público, já atuou no BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) e foi diretor de programas no Ministério de Minas e Energia entre 2019 e 2023.

A terceira indicação do governo será Claudia Polto Cunha, atual Procuradora do Estado de São Paulo. Em sua página no LinkedIn, ela se apresenta como responsável pela coordenação jurídica das empresas estatais paulistas e fundações, à frente da assessoria de empresas e fundações do gabinete da PGE (Procuradoria Geral do Estado).

Diz também ser conselheira de administração da Emae (Empresa Metropolitana de Águas e Energia) e ter integrado nos últimos 20 anos o board de estatais, incluindo Sabesp.

Já Bertocco traz no currículo a experiência de ter sido CEO da Sabesp em 2018 e diretora da Arsesp (Agência Reguladora de Saneamento e Energia do Estado de São Paulo). A executiva ainda é sócia da gestora de fundos Mauá Capital e membro do conselho da Orizon Valorização de Resíduos.

Na Equatorial, ela passou a integrar o conselho de administração em julho de 2022. Pouco menos de um ano depois, em maio de 2023, foi eleita “chairwoman” da Sabesp, passando a acumular as duas funções.

A saída da administração da Equatorial só veio em 29 de dezembro do ano passado, quando Bertocco enviou uma carta de renúncia ao conselho, 23 dias após a privatização da Sabesp ser aprovada na Assembleia Legislativa de São Paulo.

Executivos familiarizados com a privatização da Sabesp e que já trabalharam com Bertocco falaram à Folha, em reportagem de julho deste ano, que o movimento entre conselhos das duas empresas é, no mínimo, questionável.

Isso porque a Equatorial foi a única interessada em virar acionista de referência da companhia de saneamento de São Paulo —uma espécie de sócio estratégico do governo no negócio. Outros interessados em participar da privatização desistiram ao longo do processo após limitações e regras estipuladas.

Na época, a gestão Tarcísio afirmou que a executiva pediu desligamento da Equatorial meses antes de o diálogo com grupos interessados na privatização começar. Disse também que o conselho da companhia não participou das decisões sobre modelagem.

THIAGO BETHÔNICO / Folhapress

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