RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – O governador do Rio, Cláudio Castro, vai se reunir nesta sexta-feira (29) com o secretário-executivo do Ministério da Justiça, Ricardo Cappelli, para discutir ações de combate contra o crime organizado no complexo da Maré. A expectativa é definir a possível atuação da Força Nacional na comunidade.
Nesta quinta (28), Castro esteve com representantes da segurança pública do estado para debater estratégias e definir os pontos a serem tratados com o governo federal. O objetivo é formar uma ação conjunta entre o RJ e a União.
A medida ocorre após a divulgação de imagens de criminosos em treinamento de guerrilha dentro de uma área de lazer no conjunto de favelas. O flagrante foi captado por drones da Polícia Civil do Rio, como parte de uma investigação que durou dois anos e identificou mais de mil criminosos que controlam a área.
Na gravação exibida no último domingo (24), pelo “Fantástico”, da TV Globo, é possível ver dezenas de homens armados simulando confrontos, inclusive com uso de bombas, dentro do espaço ao lado de uma creche e cinco escolas.
No início da semana, Castro disse que a polícia poderá entrar na Maré. “Acho que é possível entrar lá e prender quem tiver que prender, no nosso governo não há lugar onde o estado não entre”, afirmou. O governador prometeu ainda devolver à população a área de lazer usada pelos traficantes”.
O ministro da Justiça, Flávio Dino, também comentou a situação no complexo da Maré e descartou uma intervenção federal. Na quarta-feira, o governo federal anunciou que oferecerá o envio de homens da Força Nacional de Segurança para combater o tráfico no local.
Nesta quinta, o Ministério da Justiça disse, em nota, que o secretário-executivo Ricardo Cappelli “irá discutir novas parcerias com o governo do Rio, inclusive com proposta de uso das polícias federais”.
Várias facções estão no Complexo da Maré, que tem mais de 140 mil moradores. De acordo com a Redes da Maré, a região é ocupada atualmente pelo Comando Vermelho, Terceiro Comando Puro e milicianos.
Uma pesquisa lançada nessa quarta-feira pela ONG Redes da Maré mostrou que a exposição precoce à violência prejudica o acesso de crianças a educação e lazer, afetando o desenvolvimento delas.
O levantamento, que levou em conta a divisão dos domínios territoriais comandados por diferentes frentes criminosas, observou ainda que algumas escolas não usam suas áreas externas, por exemplo, devido à proximidade com grupos armados.
ALÉXIA SOUSA / Folhapress