BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) avalia a possibilidade de editar um novo decreto para realizar operação de GLO (Garantia de Lei e da Ordem) na cidade do Rio de Janeiro, durante a realização da cúpla do G20, em novembro.
O objetivo seria que militares atuassem reforçando a segurança da área em torno do local onde será realizada a cúpula com chefes de Estado das nações mais ricas do mundo, como Estados Unidos e China.
A possibilidade de realização de uma nova operação de GLO no Rio de Janeiro foi noticiada primeiramente pelo jornal O Globo. A Folha de S.Paulo confirmou a informação.
O Brasil ocupa neste ano de 2024 a presidência do G20, bloco que reúne as maiores economias do mundo, além da União Europeia e a União Africana. Após uma série de eventos setoriais, em diferentes regiões do Brasil, será realizada nos dias 18 e 19 de novembro a cúpula dos chefes de Estado do bloco.
Virão ao Rio de Janeiro o chinês Xi Jinping, o americano Joe Biden, o francês Emmanuel Macron, entre outros líderes mundiais. Os eventos oficiais serão realizados no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro. A possibilidade de atuação dos militares, portanto, seria no entorno dessa área.
Um integrante do governo envolvido nas tratativas afirma que o martelo ainda não está batido, mas que a possibilidade de uma GLO está sendo discutida dentro do governo. Mas ressalta que ela seria limitada e que não há nenhuma possibilidade de uma intervenção maior.
No Palácio do Planalto, o tema está sendo tratado com cuidado. Um interlocutor afirma que ainda está em estágio de “consulta informal” dentro do governo. Ainda não há óbice, mas tampouco uma decisão e nem mesmo uma proposta formal.
O governo já trabalhava com essa hipótese mesmo antes do confronto entre criminosos e as forças de segurança do Rio nesta quinta-feira (24).
Três pessoas morreram e outras três ficaram feridas no confronto, durante operação no Complexo de Israel, zona norte do Rio de Janeiro. A ação bloqueou por cerca de duas horas a avenida Brasil, uma das principais vias da cidade, e impactou a circulação de trens e linhas de ônibus
Em junho deste ano, o governo Lula decidiu encerrar a operação de GLO em portos e aeroportos do Rio de Janeiro e de São Paulo.
Dessa forma, os militares da Marinha e Aeronáutica devem deixar nesta terça-feira (4) as funções desempenhadas nos últimos sete meses, e a Polícia Federal e a Receita Federal vão retomar o comando das ações de segurança pública e alfandegárias.
As Forças Armadas atuavam desde o início de novembro de 2023 nos portos do Rio de Janeiro, Itaguaí (RJ) e Santos (SP) e nos aeroportos de Guarulhos (SP) e Galeão (RJ). O objetivo era aumentar a segurança nessas regiões para combater a logística de facções criminosas para o envio e recebimento de drogas.
Na época da assinatura do decreto, o cenário no Rio de Janeiro era de conflito. Milicianos haviam transformado a zona oeste da cidade em um campo de guerra, incendiando 35 ônibus e um trem, em revolta à morte de Matheus da Silva Rezende, o Faustão, um dos líderes da maior milícia do estado.
A decretação da GLO havia acontecido ainda com Flávio Dino à frente do Ministério da Justiça. Ele foi substituído por Ricardo Lewandowski no início deste ano.
O presidente Lula foi convencido a uma intervenção delimitada no ano passado, mesmo após ter declarado que não iria autorizar operações de Garantia da Lei e da Ordem em seu terceiro mandato. Afirmou que não queria militares na favela “brigando com bandido”.
RENATO MACHADO / Folhapress