BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O governo Lula (PT) nomeou na quinta-feira (25) o novo superintendente regional do Incra em Alagoas, indicado pelo presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL).
Junior Rodrigues do Nascimento foi colocado no cargo para substituir Wilson César de Lira Santos, primo de Lira e exonerado na semana passada a pedido do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra).
Até assumir o cargo, Nascimento comandava a Naturagro, uma ONG que prestava assistência técnica para o Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) no estado.
O MST pedia a troca do primo de Lira por Santana desde o início do governo Lula. Em abril do ano passado, uniu-se a outros seis movimentos sociais campesinos para invadir a sede do Incra em Maceió e pedir a mudança, que gerou irritação de Lira em meio a disputas entre os Poderes.
Em carta enviada ao ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira (PT), neste mês, o MST reforçou a demanda. “Apesar do histórico de serviço à extrema direita, o superintendente continua ocupando um cargo extremamente importante, com a vossa anuência”, diz a missiva.
O primo de Lira foi nomeado ao órgão em Alagoas em 2017, ainda na gestão Michel Temer (MDB), por indicação do deputado federal Marx Beltrão (PP-AL). Permaneceu no cargo durante o governo Jair Bolsonaro (PL) com o apadrinhamento de Lira e seguiu no posto no do primeiro ano de Lula.
O ministro Paulo Teixeira disse ter procurado o presidente da Câmara antes da exoneração de seu primo para informá-lo da decisão e mostrou a carta encaminhada por movimentos sociais contra a permanência do superintendente.
Ainda segundo Teixeira, havia uma expectativa que o primo de Lira deixasse o cargo para concorrer a prefeito nas próximas eleições municipais. O ministro admite que o presidente da Câmara ficou contrariado com o que chamou de timing da exoneração.
Com a indicação de Lira para substituir o primo feita nesta semana, Teixeira passou a considerar o episódio encerrado.
Segundo o ministro, o Incra exige capacidade de diálogo com as forças do campo e a exoneração se deu pelo que chamou de alto grau de “conflituosidade”. A substituição, segundo Teixeira, era tratada havia 14 meses.
LUCAS MARCHESINI / Folhapress