BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O governo do presidente Lula (PT) recomenda que a população no Amazonas fique em casa para evitar a fumaça dos incêndios que ocorrem na região.
A orientação foi dada nesta sexta (13) durante coletiva de imprensa no Ibama sobre as queimadas que levaram 55 municípios a decretarem estado de emergência.
Em outra frente, o Ministério do Meio Ambiente vai reforçar o combate às queimadas com mais 149 brigadistas, chegando a 289 nos próximos dias.
“Nós estamos reforçando a partida e agora, entre hoje e segunda-feira, com mais quase 150 brigadistas. São brigadistas que estão sendo retirados de outras regiões do país para reforçar as ações no estado do Amazonas”, afirmou o presidente do Ibama, Rodrigo Agostinho.
Também estiveram presentes os ministros Marina Silva (Meio Ambiente) e Waldez Góes (Integração Nacional), o presidente do ICMBio, Mauro Pires, e representantes da Defesa Civil e da Casa Civil.
O Ministério da Saúde alertou para os danos à saúde causados pela seca e pelas queimadas, como o aparecimento ou agravamento de doenças respiratórias, parasitoses, doenças infecciosas, dentre outras.
Para isso, além de ficar em casa, a pasta recomenda fechar portas e janelas, utilizar máscara ao ar livre, aumentar ingestão de água e evitar a realização de atividades físicas. A ministra Nísia Trindade (Saúde) vai para Manaus na segunda-feira (16).
“Temos que tentar evitar exposição a fumaça, poluição do ar, quem puder, ficar em casa, evitar estar próximo dos locais de queimada, evitar atividades físicas”, disse Márcio Garcia, diretor do Departamento de Emergência na Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente.
“Isso é o que pode ser feito nesse momento. Como a ministra [Marina Silva] falou, temos que atingir a causa raiz, parar de queimar, evitar desmatamento”, completou.
De acordo com o ministro Waldez Góes, o governo deve publicar uma medida provisória para atender os municípios que decretaram situação de emergência, uma vez que eles elaborarem planos e o Executivo federal contabilizar quanto será necessário.
A Amazônia sofre uma das piores estiagens de sua história, com rios secando, botos morrendo e barcos encalhando. Comunidades, sem a locomoção fluvial, acabaram ficando ainda mais isoladas.
Mas, de acordo com a ministra do Meio Ambiente, a causa principal das queimadas é a ação humana. “O principal vetor das queimadas é o desmatamento. Não existe fogo natural da Amazônia”, afirmou.
Segundo o presidente do Ibama, há sinais de uma gravidade ainda maior nos incêndios neste ano, que são os relatos de que estão atingindo a floresta em pé, não apenas área desmatadas, devido à estiagem.
“A seca está tão intensa que a gente já está começando a ter incêndio na floresta em pé. A pessoa que coloca fogo na sua área e não consegue ter controle e acaba escapando para a floresta”, disse.
Dentre as regiões com maior foco de queimadas está o entorno da BR-319 cujos planos de estudo entraram no Novo PAC (Programa de Aceleração e Crescimento), apesar dos apelos de ambientalistas. A ideia do governo federal é que os planos para asfaltar a rodovia só saiam do papel se houver sustentabilidade ambiental.
Os ambientalistas, por sua vez, alegam que a rodovia corta a Amazônia e trará enormes riscos ambientais à região e incentivará o desmatamento.
Questionada se o aumento dos focos de incêndio próximos à BR-319 não representam uma consequência da entrada dos estudos de viabilidade da rodovia no Novo PAC, Marina Silva nega.
“A atitude do presidente Lula de dizer que a 319 ia para estudos é um atenuante [dos incêndios]. Foi uma atitude corajosa”, defendeu.
“Tudo que foi estimulado nos quatro anos passados agora está tendo efeito na região. Se não tivéssemos feito redução de desmatamento de 64% no estado, a situação estaria inteiramente fora do controle”, afirmou.
MARIANNA HOLANDA / Folhapress