BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – A Comissão de Ética da Presidência concedeu uma quarentena remunerada ao ex-presidente da EBC (Empresa Brasil de Comunicação) Hélio Doyle.
Ele foi demitido em outubro após publicar nas redes sociais um texto em que o ilustrador brasileiro Carlos Latuff chama os apoiadores de Israel na guerra contra o Hamas de “idiotas”.
Com a decisão do colegiado, Doyle receberá R$ 36 mil mensais nos próximos seis meses. A quarentena é concedida a integrantes do governo que tiveram acesso a informações privilegiadas que, eventualmente, poderiam beneficiar empresas privadas.
Na gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), diversos ministros também receberam o benefício. Os ex-chefes das pastas da Economia, Paulo Guedes, da Saúde, Marcelo Queiroga, e da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira, por exemplo, seguiram recebendo R$ 39,2 mil por seis meses após o fim do governo Bolsonaro.
A comissão também aprovou neste ano a concessão do benefício a Ana Moser, que foi exonerada por Lula do Ministério do Esporte.
Doyle foi demitido após publicar a seguinte mensagem de Latuff: “Não precisa ser sionista para apoiar Israel. Ser um idiota é o bastante”.
Após a publicação, o Palácio do Planalto avaliou que a permanência dele se tornou insustentável pelas suas postagens, em meio ao conflito entre Israel e o grupo terrorista Hamas.
Questionado sobre a quarentena, Doyle afirmou que o benefício é legal e que diversas outras autoridades também a receberam.
“Só o que tenho a dizer é que é um procedimento definido em lei e que inúmeros ex-ministros e ex-dirigentes de empresas cumpriram quarentena, em diferentes governos, sem que isso virasse notícia”.
Após a saída de Doyle, Jean Lima, que era o número dois da EBC, tornou-se o presidente do órgão.
MATHEUS TEIXEIRA / Folhapress