RIO DE JANEIRO, RJ (UOL/FOLHAPRESS) – Fábio Mitidieri, governador de Sergipe, anunciou, por meio das redes sociais, a suspensão do uso da ferramenta de reconhecimento facial após falha na final do Campeonato Estadual.
Mitidieri indicou que a suspensão será até a implementação de um novo protocolo. “Os instrumentos de segurança do Estado não podem constranger nossos cidadãos. Em nome do governo de Sergipe, me solidarizo com João Antônio e sua família”.
João Antônio, torcedor do Confiança, relatou constrangimento em uma abordagem no intervalo do jogo. O duelo com o Sergipe aconteceu no Batistão, no sábado.
O personal trainer foi abordado na arquibancada e conduzido para uma sala. Para chegar ao local, os policiais o levaram pelo campo
“O primeiro pegou no meu braço e disse pra eu não reagir, me “convidando” pra acompanhá-los com as mãos para trás. Fiquei altamente constrangido, tentando esconder meu rosto. Não sabia o que fazer pois tava a torcida do Confiança inteira me olhando”, disse João Antônio, em uma postagem em uma rede social.
Já no gramado, o policial perguntou meu nome e, quando falei, percebi um pouco de surpresa. Falei que se não fosse João Antônio que eles estivessem procurando, eu estava tranquilo. Ele me respondeu que se ‘iríamos ver já já’
Os policiais disseram a João que ele tinha sido reconhecido por um sistema de reconhecimento facial. “Perguntaram meu nome: ‘a última chance de você dizer a verdade, pois você foi reconhecido por um sistema de reconhecimento facial que dificilmente erra”.
Disse o nome novamente, dei a carteira, ele viu o RG e perguntou o nome da mãe. Abri minha CNH digital, disse meu endereço completo, data de nascimento, CPF. Quando viram no sistema e confirmaram que foi engano, pediram desculpas, disseram que era procedimento padrão, que outro torcedor nesse mesmo dia foi pego de forma correta, e me liberaram
O relato de João Antônio ganhou repercussão nas redes sociais. Até o fechamento desta nota, a publicação tinha quase quatro mil visualizações.
O UOL tentou contato com a asessoria da Polícia Militar do Estado de Sergipe. Caso haja uma manifestação, a nota será atualizada
NOTA DO GOVERNADOR DE SERGIPE
“Lamento a falha na ferramenta de reconhecimento facial ocorrida durante a final do Campeonato Sergipano. Reconhecemos a importância da tecnologia para a segurança pública e, devido ao ocorrido, determinei a suspensão do uso do sistema até que novo protocolo seja implantado.
Os instrumentos de segurança do Estado não podem constranger nossos cidadãos. Em nome do governo de Sergipe, me solidarizo com João Antônio e sua família”.
RELATO DO TORCEDOR
“Parece um delinquente, um foragido, mas esse aí sendo conduzido pela polícia sou eu.
Sábado, na final do Campeonato Sergipano, passei uma uma situação que nunca imaginei que fosse possível e venho com vergonha e indignação compartilhar para que algo aconteça e isso não se repita.
Deu o intervalo do jogo e eu me sentei pra mexer no celular, 5 minutos depois cinco policiais vieram e eu dei passagem, pra um lado, eles vieram em minha direção mais ainda e deu passagem pro outro lado achando que eles queriam passar, até que o primeiro pegou no meu braço e disse pra eu não reagir me “convidando” pra acompanhá-los com as mãos para trás, como mostra no vídeo.
Fiquei altamente constrangido, tentando esconder meu rosto, não sabia o que fazer pois tava a torcida do Confiança inteira me olhando, conhecidos e desconhecidos.
Ao descer as escadas, já no gramado, o policial me perguntou meu nome, quando falei, percebi um pouco de surpresa e falei que se não fosse João Antônio que eles tivessem procurando, eu tava tranquilo, ele me respondeu que se “iríamos ver jaja”, nesse momento uma policial perguntou qual meu nome de longe e quando ele respondeu ela demonstrou surpresa.
Me levaram pra uma sala e antes de entrar ele disse pra quando chegar, sentar e colocar a mão no joelho, a sala tava cheia e fui levado para uma espécie de auditório, antes de entrar ele mandou (ou solicitou kk) eu colocar a mão na parede pra me revistar (de forma ríspida), sentiu a chave do carro no bolso e perguntou o que era, quando respondi, ele colocou a mão no bolso e puxou pra conferir. Quando viu que estava limpo entrei, sentei e coloquei a mão no joelho, como disseram pra fazer. Perguntaram meu nome: a última chance de você dizer a verdade, pois você foi reconhecido por um sistema de reconhecimento facial que “dificilmente erra”.
Disse o nome novamente, dei a carteira, ele viu o RG, perguntou nome, nome da mãe. Abri minha CNH digital, disse meu endereço completo, data de nascimento, CPF. Quando viram no sistema deles e confirmaram que foi engano, pediram desculpas, disseram que era procedimento padrão, que outro torcedor nesse mesmo dia foi pego de forma correta e me liberaram”
Redação / Folhapress