Grande ataque aéreo da Rússia deixa parte da Ucrânia no escuro

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A Rússia fez nesta quarta (8) um dos maiores ataques deste ano contra o sistema de energia da Ucrânia, derrubando a transmissão de energia em diversas regiões e ferindo ao menos três pessoas.

Foram empregados nas ações 55 mísseis, dos quais as defesas aéreas de Kiev disseram ter abatido 39, e 21 drones, 20 dos quais os militares ucranianos afirmam ter interceptado. Os que passaram, contudo, causaram danos sérios danos em três termoelétricas do país.

“Outro ataque maciço na nossa indústria energética”, afirmou o ministro German Gauschenko (Energia) no Telegram. Ele afirmou que houve apagões devido a danos diversos em seis regiões ucranianas, no sul, centro e oeste do país.

Devido aos danos, a operadora Ukrenergo foi obrigada a realizar apagões controlados em nove regiões para consumidores residenciais, além de um corte geral de eletricidade para empresas das 18h às 23h locais (13h às 18h em Brasília).

Os russos disseram ter se vingado de ataques contra suas refinarias por drones ucranianos. Entre as armas utilizadas no ataque estavam mísseis de cruzeiro e modelos hipersônicos Kinjal (punhal), que seguem sendo empregados apesar dos esforços ocidentais em coibir a importação de chips vitais para eles.

As Forças Armadas da Ucrânia estimam que Moscou está com capacidade total de fabricação de mísseis, com talvez 130 unidades novas sendo entregues todos os meses.

Em solo, Moscou anunciou ter avançado mais no leste do país invadido em 2022 por Vladimir Putin, presidente que assumiu pela quinta vez o cargo nesta terça (7). Na quinta (9), ele comandará o tradicional desfile do Dia da Vitória na Segunda Guerra Mundial na capital russa, e há a expectativa de algum anúncio sobre o conflito com o vizinho.

O Ministério da Defesa russo afirma ter conquistado mais dois vilarejos, um na região de Donetsk (leste) e outro em Kharkiv (norte). Os sucessos desde que anulou a controfensiva ucraniana em 2023 são lentos, mas constantes, apoiados no emprego de bombas de gravidade adaptadas para planar até os alvos e muita artilharia.

Segundo a Otan (aliança militar ocidental), os russos têm produzido até 250 mil obuses e outros tipo de projeteis por mês. Isso é mais do que o dobro da capacidade instalada dos 32 países do clube, incluindo seu líder, os Estados Unidos.

Nesta quarta, celebrando o Dia da Vitória contra os nazistas no fuso horário dos países europeus, na véspera da celebração russa, o presidente Volodimir Zelenski expressou frustração com o papel do Ocidente na guerra.

“Quando a humanidade se une, ela se opõe a [Adolf] Hitler, em vez de comprar petróleo dele e indo à sua posse”, afirmou, equivalendo o ditador nazista a Putin. Ele se referia aos três países europeus presentes ao evento no Kremlin na véspera: França, Eslováquia e Hungria.

Enquanto os dois últimos têm governos simpáticos a Putin, a França causou surpresa ao enviar seu embaixador já que o russo tem ameaçado Paris com uma guerra nuclear depois que o presidente Emmanuel Macron sugeriu enviar tropas para a Ucrânia. A alegação oficial foi a de deixar canais abertos.

Em mais uma nota da escalada da rusga com o Ocidente, o Reino Unido anunciou a expulsão do adido de defesa russo de Londres, além da retirada da imunidade de alguns prédios que Moscou gerencia na capital britânica e na redução do tempo do visto diplomático para os rivais.

A chancelaria russa chamou a medida de ridícula e prometeu isonomia em breve. Também na segunda (6), além de ameaçar os franceses ao realizar exercícios de emprego de armas nucleares, Moscou disse que poderá atacar diretamente os britânicos caso suas armas doadas à Ucrânia sejam usadas contra território russo.

*Ucrânia também vai usar presos na guerra*

Nesta quarta, o Parlamento em Kiev aprovou uma lei que permitirá que alguns detentos possam servir ao Exército em troca de perdão por suas penas. O texto será apreciado por Zelenski agora.

A medida, empregada largamente por grupos mercenários russos nos dois primeiros anos da guerra, costumava ser ridicularizada em Kiev como desespero de Putin. É notório que o russo fracassou em tomar rapidamente a capital vizinha no início da guerra pela falta de soldados, além de táticas falhas no campo de batalha e a resistência inesperada dos rivais.

A vitória mais famosa dos mercenários, do agora desarticulado Grupo Wagner em Bakhmut, em maio de 2023, ocorreu às custas de muito sangue de presos: 10 mil dos 16 mil mortos na ação vieram de cadeias. Agora, os ucranianos recorrem ao mesmo instrumento dada a anemia de força de combate nas linhas de frente.

Os deputados acreditam ser possível convocar até 20 mil soldados nas prisões. Nenhum condenado por crime grave, como homicídio, poderá participar da seleção. No mês passado, Kiev já havia passado uma legislação baixando a idade mínima para a mobilização nacional de 27 para 25 anos.

IGOR GIELOW / Folhapress

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