SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A Grande São Paulo possui 7.278 áreas suscetíveis a escorregamentos, inundações, solapamento de margens de rio e erosão, aponta mapeamento da Plataforma de Gestão de Riscos de Desastres Naturais lançada nesta quinta-feira (30) pelo Instituto de Pesquisas Ambientais, órgão vinculado à Secretaria de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística da gestão do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos).
Franco da Rocha, cidade onde sete pessoas da mesma família morreram em um deslizamento de terra em 2022, é uma das áreas que concentram pontos de risco na região metropolitana, segundo mapeamento prévio obtido pela Folha neste quarta (30).
Mauá, no Grande ABC, também aparece como uma das cidades com maior probabilidade para desastres naturais. O levantamento não inclui a capital, que terá uma plataforma própria. Detalhes sobre a tecnologia deverão ser apresentados pelo governo nesta quinta.
Cenário da maior tragédia natural da história de São Paulo, o Litoral Norte terá um programa específico no pacote antidesastre, com o desenvolvimento de ferramentas para identificar, analisar, mapear e alertar para eventos climáticos com potencial catastrófico.
O projeto contará com financiado de R$ 2,5 milhões do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) e atenderá Caraguatatuba, Ilhabela, São Sebastião e Ubatuba.
Em fevereiro de 2023, uma tempestade atingiu São Sebastião provocando deslizamentos que mataram 64 pessoas. Também houve um óbito em Ubatuba. Nunca tantas pessoas morreram em um mesmo evento climático no estado.
Os volumes de chuva registrados no evento também foram inéditos, ultrapassando 600 milímetros em 24 horas em algumas áreas.
O sistema de monitoramento apresentado nesta quinta-feira será comandado a partir de uma sala com múltiplos telões que exibem dados detalhados, em tempo real, sobre áreas em que há risco de desastres.
O monitoramento combina dados registrados por satélites e outros sistemas de captação de informações meteorológicas e oceanográficas.
Além de compilar informações de fontes globais, o sistema também possui coleta própria de dados e cálculos matemáticos que podem ajudar a definir políticas públicas de prevenção e enfrentamento a questões climáticas.
As bases de dados do Instituto de Pesquisas Ambientais têm acesso restrito a desenvolvedores e parceiros, mas há intenção de que o acesso seja aberto ao público no futuro, segundo o governo.
Uma das funções disponíveis no sistema permitiu o resgate de informações de eventos climáticos anteriores. O registros apontam para cerca de 66 mil situações ocorridas no estado entre 1991 e 2022.
O sistema, que continuará a ser abastecido, inclui buscas em matérias jornalísticas localizadas por robôs. Tais informações também serão aplicadas para identificação de áreas prioritárias para medidas de redução de risco.
CLAYTON CASTELANI / Folhapress