Grandes complexos de uso misto mudam paisagem da marginal Pinheiros

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O mercado imobiliário vem mudando a paisagem de um trecho da marginal Pinheiros nas imediações da ponte Laguna -ela também novata no cenário, entregue pelo ex-prefeito Fernando Haddad em 2016.

No lado oeste da marginal, há o Parque Global, empreendimento de uso misto com cinco torres residenciais de alto padrão de 143 metros de altura (47 andares), shopping center, um centro de educação, saúde e inovação e ainda outro residencial, este de 173 metros de altura e unidades a serem administradas pela bandeira V3rso, do hotel Emiliano.

No centro de educação e saúde será erguida uma unidade de oncologia e hematologia do hospital Albert Einstein, equipado com dez salas cirúrgicas e mais 160 leitos –como comparação, a matriz, no Morumbi, tem 489 leitos.

O investimento anunciado no fim de 2022 para o hospital foi de R$ 1,2 bilhão. O sistema de edificação é o “build to suit”, ou seja, já na construção são atendidas demandas arquitetônicas do futuro inquilino.

Mas nem tudo no complexo são guindastes e operários de capacete. Duas das cinco torres residenciais com todos os benefícios das áreas comuns -a pista de boliche é realmente muito charmosa- já foram entregues, e 12 famílias, de acordo com André de Marchi, diretor-geral do Global, já as ocupam. A terceira torre deverá ser finalizada ainda em 2024, com as demais programadas para o próximo ano.

As outras construções, shopping e hospital incluídos, ainda demoram um pouco mais: estão previstas para 2027. Segundo de Marchi, 90% dos 634 apartamentos das cinco torres residenciais já foram vendidos e o valor do metro quadrado está atualmente em R$ 26 mil.

Embora o projeto mencione o conceito da “cidade de 15 minutos”, em que todas as necessidades do cidadão seriam atendidas com um deslocamento máximo de 15 minutos, caminhar para além dos limites do empreendimento ainda não parece nada recomendável.

De bicicleta já dá para encarar, posto haver uma rara passarela cicloviária conectando o Global com o parque Bruno Covas -que tem pontos de conexão com a ciclovia do rio Pinheiros, do outro lado do rio. Sintomaticamente, nenhum apartamento tem menos de duas vagas de garagem.

Além da “cidade de 15 minutos”, o Global também tenta uma associação com a ideia de “utopia”. Neste caso, pelo fato de serviços, lazer, entretenimento e área verde integrarem o complexo. O paisagismo leva em consideração o bioma nativo da cidade –daí a escolha exclusiva de espécies de mata atlântica.

Do outro lado do rio e na mesma latitude do Global, o Alto das Nações, complexo de uso misto da WTorre, se destaca.

No terreno que abriga o primeiro Carrefour do Brasil -e no qual desde dezembro de 2022 já opera um shopping- devem surgir três torres: uma comercial (que será a mais alta de São Paulo, com 219 metros), uma mista e a terceira exclusivamente residencial, esta assinada pelas construtoras Eztec e Lindenberg.

No material promocional, o rooftop a 116 metros de altura é um dos atrativos. O complexo foi agraciado com o prêmio Master Imobiliário, do Secovi-SP, na categoria estruturação imobiliária, por conta de suas exigências e complexidade, segundo Gabriella Lorca, diretora de desenvolvimento imobiliário da construtora WTorre.

“Nossa proposta era a única que conseguia ‘bidar’ [atender aos pedidos do certame] 100% do que o Carrefour exigia. E isso significava tocar as obras, por exemplo, sem fechar o hipermercado por um único dia”, comentou.

BEIRA-RIO

As atrações literalmente à beira-rio seguem frequentadas. Tanto a ciclovia como o parque Bruno Covas recebem, juntos, 320 mil ingressos mensais. Michel Farah, da concessionária Farah Services, espera que o número triplique em um ano.

Nem tudo ali está no positivo operante: a estrutura suspensa da linha 17 do metrô é uma triste lembrança dos atrasos das grandes obras de mobilidade paulistas. Ainda que seja entregue em 2026, como agora se fala, isso significaria um atraso de quase uma década e meia em relação à promessa inicial.

Pelo menos houve novidades na mudança de vocação da velha usina da Traição, como prometido pelo ex-governador João Doria, que chamava esse projeto de Puerto Madero, em referência ao bairro revitalizado de Buenos Aires, que se tornou um grande polo turístico.

No dia 17 de setembro o atual governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), esteve no local para oficializar a abertura de um espaço de eventos (a Casa Fasano, do grupo JHSF, um dos operadores da agora Usina São Paulo) e das novas pistas de acesso ao parque Bruno Covas. E o governador já fala em retomar as extensões do metrô 17, com uma das primeiras estações justamente dentro do Parque Global.

Redação / Folhapress

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