SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A caixa-preta do avião ATR-72, que caiu em Vinhedo (SP) na última sexta-feira (9), matando 62 pessoas, gravou gritos e também o copiloto Humberto de Campos Alencar e Silva falando em dar potência à aeronave.
Essas informações foram exibidas nesta quarta-feira (14) pelo Jornal Nacional, da TV Globo, que teve acesso a parte das gravações do voo da Voepass. No total, há cerca de duas horas de transcrições das conversas dentro do avião, feitas pelo laboratório de leitura e análise de dados do Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção a Acidentes Aéreos), setor da FAB (Força Aérea Brasileira) responsável pelas investigações.
Segundo o jornal, os investigadores informaram que a aeronave perdeu altitude de forma repentina e avaliaram que a análise do áudio da cabine não é capaz de determinar a causa da queda.
Pela transcrição, o copiloto percebeu que o avião estava perdendo altitude e perguntou o que estava acontecendo. Na sequência, ele disse que era preciso “dar potência”, uma forma de fazer a aeronave evitar a queda.
Ainda de acordo com a reportagem, um minuto teria se passado desde que a perda de altitude foi constatada até o choque do avião no solo. A gravação mostrou gritos e um grande estrondo naquele momento. Segundo o Cenipa, durante o tempo da queda a tripulação tentou encontrar formas de reagir, o que não foi possível.
A investigação ainda prossegue e o laudo deve sair em 30 dias. De acordo com os investigadores, foi difícil decifrar os áudios por causa do barulho na cabine, provocado pelas hélices do avião, que ficam na parte de cima da fuselagem.
Mesmo assim, informa o JN, uma análise preliminar do Cenipa não identificou sons característicos de alertas que poderiam dar indícios da causa da queda, como alarme de incêndio, de falha elétrica ou de pane no motor.
Após a reportagem, o Cenipa divulgou uma nota afirmando que “nenhum veículo de imprensa teve acesso aos áudios e transcrições, tampouco aos dados dos gravadores de voo” das caixas-pretas do avião da Voepass.
“O Cenipa destaca, ainda, que segue estritamente os protocolos específicos estabelecidos pela Lei nº 7.565/1986 (Código Brasileiro de Aeronáutica – CBA), pelo Decreto nº 9.540/2018 e pelo Anexo 13 à Convenção sobre Aviação Civil Internacional, de 1944. Por fim, a FAB reitera seu compromisso com a transparência e a seriedade na condução das investigações, bem como pelo respeito à dor dos familiares das vítimas envolvidas no acidente”, finalizou a nota.
Até o começo da tarde desta quarta, 56 corpos de vítimas do acidente foram identificados, segundo a SSP (Secretaria de Segurança Pública). Desses, 27 já foram liberados aos familiares, que são os primeiros a serem comunicados sobre o andamento do trabalho de reconhecimento.
Redação / Folhapress