Grêmio terá argentino preso por racismo contra Grafite em comissão técnica

SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) – O Grêmio anunciou a contratação de Gustavo Quinteros como técnico para a temporada de 2025, e um dos três auxiliares do novo comandante é um personagem que ganhou fama no Brasil há quase 20 anos.

Leandro Desábato, primo de Quinteros, será assistente do clube gaúcho. Ele formará a comissão técnica ao lado dos também auxiliares Maximiliano Quezada e Rodrigo Quinteros e do preparador físico Hugo Roldán.

O ex-zagueiro do Quilmes ganhou os holofotes no dia 13 de abril de 2005, quando foi preso por cometer racismo contra o então atacante Grafite, do São Paulo. O duelo entre as equipes, válido pela Libertadores daquele ano, ocorreu no Morumbis e acabou em 3 a 1 para os brasileiros.

Desábato gerou uma confusão ainda dentro de campo após uma dividida entre Grafite e Arano, outro jogador de seu time, na região da lateral em um lance ainda no 1° tempo.

O argentino chamou o ex-atacante de “negro de merda”, segundo contou o atual comentarista do Grupo Globo depois. Fabão, ex-zagueiro do São Paulo, confirmou a história. “Ele estava chamando de macaco, de negrito. Ele está bastante triste porque foi expulso e pelo que aconteceu, de ser chamado de macaco”, disse.

Grafite chegou a empurrar a cabeça do adversário e acabou expulso -assim como Arano. Desábato, por outro lado, terminou o jogo normalmente.

Logo depois do apito final, no entanto, o delegado Osvaldo Nico Gonçalves deu voz de prisão ao argentino ainda no gramado do Morumbis. O jogador foi algemado e denunciado por injúria qualificada.

“Vi aquela cena, em que ele chamou o Grafite de macaco. Aí eu consultei os meus superiores hierárquicos e falei: ‘o que ele cometeu é crime’. Não é porque ele está nas quatro linhas que ele pode cometer crime e ficar impune. Foi o primeiro caso de racismo aqui no Brasil em que se tomaram providências. Nunca ninguém tinha tomado”, afirmou Dr. Nico, em entrevista ao UOL concedida em 2015.

Desábato deixou o estádio no carro da Polícia Civil já na madrugada e passou duas noites na cadeia. Ele só conseguiu deixar o local 43 horas depois ao pagar uma fiança de R$ 10 mil e, ao lado de outros 14 atletas do Quilmes, embarcou rumo a Buenos Aires.

Em outubro daquele ano, Grafite retirou a queixa de racismo, e o caso foi encerrado. Quatro anos depois do caso, em entrevista à Folha de S. Paulo, o brasileiro chegou a afirmar que errou ao ter “proporcionado tudo aquilo, porque virou mais um espetáculo do que um caso.”

O DESÁBATO PÓS-2005

A trajetória de Desábato, que pertencia ao Estudiantes, não acabou naquele mês de abril. Ele seguiu atuando pelo Quilmes por empréstimo.

O argentino voltou ao seu time de origem em 2007 e encerrou a carreira 11 anos depois, ainda defendendo as cores da equipe de La Plata.

Desábato iniciou sua carreira como técnico há quatro anos -ainda como funcionário do Estudiantes. Na temporada passada, ele chegou a comandar o Almagro na 2ª divisão nacional.

O ex-zagueiro virou auxiliar de Quinteros no início de 2024, quando ambos trabalharam no Vélez Sarsfield. A parceria será mantida na temporada que vem, desta vez no Grêmio.

Redação / Folhapress

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