SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O grupo Caoa prepara mudanças em sua operação como montadora e distribuidora de veículos no Brasil. Haverá uma nova relação entre as marcas representadas pela empresa, que planeja ter uma linha própria de carros.
A revelação sobre uma futura família nacional de produtos foi feita nesta segunda (26). Durante a apresentação do SUV Tiggo7 Sport, Carlos Alberto de Oliveira Andrade Filho, presidente do grupo Caoa, disse ainda que a empresa estuda abrir o capital na bolsa por meio de IPO (oferta inicial de ações).
Hoje, a empresa tem parcerias com a chinesa Chery e a sul-coreana Hyundai. Há negociações em andamento com ambas, envolvendo fábricas e concessionárias.
A produção segue concentrada em Anápolis (GO), unidade que passa por um ciclo de R$ 3 bilhões em investimentos aplicados entre 2023 e 2028.
O foco está no aumento de 150% da capacidade de produção do SUV Tiggo 5X, além de manutenção das ações de marketing e de pós-vendas realizadas pela montadora. Foram contratados 1.300 funcionários, que hoje trabalham em dois turnos.
E mais um aporte foi confirmado nesta semana. A empresa diz ter investido R$ 50 milhões em um novo centro de distribuição, localizado em Franco da Rocha (Grande São Paulo). O espaço de 26,8 mil metros quadrados substitui o antigo –que também ficava na região metropolitana de São Paulo, em Barueri.
Há, contudo, uma fábrica fechada. Em maio de 2022, a montadora interrompeu a produção em Jacareí (interior de São Paulo). A princípio seria uma paralisação temporária, mas não houve nenhuma previsão de retorno.
Essa unidade está sendo negociada com o próprio grupo Chery, que vai trazer as marcas Omoda e Jaecoo ao Brasil –e já pensa em nacionalizar esses veículos híbridos. São modelos posicionados acima dos Caoa Chery vendidos atualmente.
A fábrica de Jacareí começou a operar em plena crise econômica: foi inaugurada em 2014 apenas como Chery e encarou as vendas em queda no setor automotivo. Em 2017, o grupo Caoa adquiriu 50,7% das operações da marca chinesa no Brasil.
Embora pense em ter sua linha própria de veículos, a empresa brasileira vai manter a montagem dos modelos de origem chinesa em Goiás. Um dos planos é a nacionalização do híbrido Tiggo8 PHEV, que pode rodar com gasolina e eletricidade.
Haverá ainda mudanças na relação com a HMB (Hyundai Motors do Brasil), que tem fábrica em Piracicaba (interior de São Paulo). Hoje, há diferenças no sistema de comercialização.
Os modelos Hyundai montados em Anápolis, além de alguns trazidos da Coreia do Sul, são comercializados exclusivamente pelo grupo Caoa. Já os “piracicabanos” Creta e HB20 são oferecidos em lojas próprias.
Em meio a uma disputa judicial que limitou as importações, mudanças começaram a ocorrer entre 2022 e 2023 na rede Caoa. Houve a transformação de algumas lojas de importados em pontos de venda exclusivos dos produtos feitos no interior de São Paulo, enquanto outras passaram a comercializar modelos Caoa Chery.
Agora surge a possibilidade de os automóveis importados da Hyundai serem distribuídos pela divisão brasileira da montadora, que cuidaria da chegada a todas as concessionárias-e não somente às que pertencem ao grupo Caoa.
As montadoras ainda não se pronunciaram sobre as mudanças, mas deverão fazer um anúncio conjunto nesta semana para explicar os detalhes da nova configuração. No começo de março, serão revelados os carros da marca Hyundai previstos para o Brasil.
EDUARDO SODRÉ / Folhapress