Grupo de resistência provou que nazismo não era unanimidade na Alemanha

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Um pequeno grupo de cinco estudantes e um professor da Universidade de Munique resistiu clandestinamente ao nazismo. Designavam-se pelo nome de guerra Rosa Branca. Foram descobertos e presos pela Gestapo. Em seguida, acabaram guilhotinados.

É uma história que não deu certo caso achemos que a única forma de sucesso estaria em derrubar Hitler e acabar com a ditadura nazista.

Mas a verdade é que deu certo, sim. O pequeno grupo de resistentes provou que a ditadura não era unanimidade. E que os panfletos clandestinos que circularam por sete meses, entre 1942 e 1943, eram uma forma de resistência passiva que foi depois redescoberta e se tornou exemplar para os alemães. Rosa Branca é festejada como um motivo de orgulho.

É justamente esse ângulo pelo qual o grupo é tratado em cinco episódios pela Universidade de Oxford, do Reino Unido. A pesquisa chefiada por Tom Herring e Alexandra Lloyd reúne nova tradução em inglês da correspondência trocada pelos jovens resistentes, retrata a pureza de seus propósitos e demonstra que os integrantes do Rosa Branca não precisaram pegar em armas para se opor moralmente à política nefasta do Terceiro Reich.

Nas narrativas dos pesquisadores de Oxford e nos verbetes históricos sobre a resistência alemã se destaca naturalmente a figura de Sophie Scholl. Ela foi a primeira a ser presa e também a primeira a ser guilhotinada. Tinha apenas 21 anos. Virou estátua na cidade de Munique e foi representada, em 2021, em moedas de prata no valor de EUR 20, comemorativas ao centenário de seu nascimento.

Sophie Scholl construía uma biografia pacata de uma família liberal de classe média -seu pai foi prefeito de uma cidadezinha e adversário da extrema direita. Terminado o colegial, lecionou numa pré-escola antes de, em Munique, reencontrar o irmão, posteriormente também assassinado pelos nazistas, e seus colegas de faculdade de medicina.

Sem vínculos com o grupo clandestino, a certa altura também aparece Fritz Hartnagel, de quem Sophie estava noiva. Depois da guerra, Fritz se torna juiz de direito. Ele se casou com uma irmã da resistente executada. No momento da execução, estava internado por ferimentos que recebeu durante o confronto com os russos na Batalha de Stalingrado.

O último do grupo a ser assassinado pelos nazistas foi o também estudante de medicina Willi Graf. Embora tenha sido preso em fevereiro de 1943, no mesmo dia em que Sophie e o irmão, Willi enfrentou a guilhotina apenas em outubro. A Gestapo esperava que ele fizesse delações antes de morrer, o que não aconteceu.

Kurt Huber foi o professor de filosofia e música que integrou o grupo e redigiu sozinho um dos panfletos. Ele era casado, tinha dois filhos pequenos e muita raiva do nazismo.

Os panfletos que o Rosa Branca distribuiu não tinham apelo à violência ou termos que evocavam uma Alemanha épica e retumbante. Ao contrário, a linguagem é austera.

Um exemplo, para terminar: “Nos dias atuais, todo alemão honrado se envergonha de seu governo. E quantos de nós conseguiria adivinhar a extensão do sentimento de infâmia quando forem desvendados os crimes que estão sendo cometidos?”

Redação / Folhapress

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