Grupos anti-Milei apostam em comparação com Bolsonaro na véspera da eleição

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Um vídeo produzido por grupos críticos ao candidato à Presidência da Argentina Javier Milei compara o discurso do ultraliberal, um dos favoritos no pleito deste domingo (22), com o do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

A peça, que não faz parte da campanha do peronista e também candidato Sergio Massa, lista discursos de Bolsonaro sobre patriotismo, combate à corrupção, piadas e promessas de mudança, reiteradas pelo ex-presidente como “contra tudo que está aí”.

Em meio a fumaça, o rosto em preto e branco do brasileiro transforma-se gradualmente no de Milei enquanto corre o texto, até que o narrador chama de pesadelo a eleição de Bolsonaro em 2018, e alerta que a Argentina “não precisa passar por isso”.

O vídeo termina com uma frase repetida à exaustão por argentinos na Copa do Mundo de 2014, “Brasil, decíme que se siente” (Brasil, me diga como se sente, em tradução livre), baseada em uma música da banda americana Creedence Clearwater Revival.

A expressão ganhou contorno político quando, em agosto daquele ano, as avós da Praça de Maio entoaram uma versão própria para comemorar a localização de mais um neto roubado pela ditadura.

A peça é dirigida por Gabriel Gallindo, da Storyland, com roteiro de Rodrigo Febronio de Souza e edição de Eduardo Chaves. Gallindo foi o responsável pela estratégia online de Guilherme Boulos (PSOL) na corrida pela prefeitura de São Paulo em 2020, e também integrou a campanha digital do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no ano passado.

As semelhanças entre Bolsonaro e Milei são evidentes em temas como o populismo, o anticomunismo, o negacionismo climático e o acesso a armas.

Mas a dupla não é tão parecida em temas como economia. Ambos defendem o liberalismo na economia, com redução de impostos, cortes em ministérios e privatização de estatais, mas o argentino é mais radical.

Suas principais propostas para tirar o país da crise são a dolarização da economia e a extinção do Banco Central, ideias distantes do ex-presidente brasileiro e de seu ex-ministro da Economia, Paulo Guedes.

A família é um dos temas com mais diferenças entre os dois. Milei nunca foi casado nem tem filhos, e considera relações homoafetivas uma escolha pessoal, na qual o Estado não deve intervir. A mesma regra já foi atribuída por ele a venda de drogas, de órgãos e de crianças. Bolsonaro, por sua vez, é conhecido por comentários LGBTfóbicos.

Já a relação com militares e ditaduras mudou recentemente para Milei. Bolsonaro, além da origem na caserna, apoia-se politicamente no setor e defende o Golpe de 1964, além de ter aumentado a participação das Forças Armadas no seu governo.

Milei, por outro lado, tem na vice, a deputada Victoria Villaruel, o componente mais próximo do grupo, por ser filha, neta e sobrinha de militares. Recentemente, no entanto, ele negou que os desaparecidos sob o regime na Argentina foram 30 mil, contrariando a historiografia.

Sua trajetória de vida também difere da do brasileiro, com carreira de professor universitário, consultorias e comentários na TV –que o levaram à política em 2021.

Redação / Folhapress

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