WASHINGTON, EUA (FOLHAPRESS) – A Guarda Costeira dos Estados Unidos anunciou neste domingo (25) uma investigação sobre a implosão que destruiu o submarino Titan e matou as cinco pessoas que estavam em uma expedição até a área de destroços do Titanic.
“Meu objetivo principal é evitar um incidente semelhante, fazendo as recomendações necessárias para aumentar a segurança marítima em todo o mundo”, disse o capitão Jason Neubauer, investigador-chefe da Guarda Costeira, em entrevista coletiva em Boston.
O órgão criou o que chama de conselho de investigação marítimo na última sexta-feira (23), disse Neubauer, e está trabalhando com o FBI em uma operação de resgate dos destroços, que estão a 488 metros da proa do navio naufragado em 1912, a quase 4 km de profundidade, e a 600 km da costa leste do Canadá. A Guarda Costeira está em contato com as famílias das vítimas para o caso de encontrar restos humanos.
Neubauer disse que a investigação americana também pode recomendar eventuais sanções civis ou criminais, caso seja necessário.
O anúncio ocorre um dia depois que o Conselho de Segurança de Transporte do Canadá, país que também ajudou nas buscas do submarino, anunciou uma investigação sobre o acidente, que levantou questões sobre a regulamentação desse tipo de expedição.
O Titan foi considerado desaparecido no dia 18 de junho. Para chegar até o local da expedição, o cargueiro Polar Prince, de bandeira canadense, rebocou o veículo para o mar no fim de semana anterior, mas perdeu contato com o submersível uma hora e 45 minutos depois que o submarino iniciou a descida para a área do naufrágio do Titanic.
Após uma operação multinacional de busca e resgate, a Guarda Costeira anunciou na quinta-feira (22) que as cinco pessoas a bordo do submersível morreram depois de uma “implosão catastrófica “.
O empresário americano Stockton Rush, 61, dono da OceanGate, responsável pela expedição, esnobou diversos alertas de que o veículo não era seguro. Ele pilotava o veículo no momento do acidente e está entre as vítimas.
Um dos alertas foi feito por Rob McCallum, especialista em exploração em alto mar. Em 2018, ele acusou Rush de colocar a vida de seus clientes em risco e sugeriu que o empresário suspendesse as expedições com o submersível Titan até que o veículo recebesse certificações de órgãos independentes.
“Você está colocando a si mesmo e a seus clientes em uma dinâmica perigosa”, escreveu McCallum, segundo troca de emails obtida pela rede britânica BBC. “Em sua corrida ao Titanic, você está espelhando o grito de guerra famoso: ‘[a embarcação] é inafundável'”, acrescentou, em referência à fama do transatlântico antes de naufragar.
No mesmo ano, o comitê de veículos subaquáticos da Sociedade de Tecnologia Marítima, grupo que reúne líderes da indústria de embarcações submersíveis, alertou em carta endereçada a Rush para possíveis consequências “catastróficas” nas expedições, em decorrência da abordagem experimental do veículo.
Internamente, a empresa também parece ter recebido avisos. Um funcionário da companhia foi demitido em 2018 após afirmar que o submersível não seria capaz de descer a profundidades extremas, de acordo com a revista americana The New Republic, que acessou os documentos da Justiça sobre o caso.
A companhia costumava justificar a falta de certificação pelo seu grau de inovação. “Quando a OceanGate foi fundada, seu objetivo era buscar o mais alto nível de inovação no projeto e na operação de submersíveis tripulados. Por definição, a inovação está fora de um sistema já aceito”, afirmou depois a companhia em uma publicação intitulada “Por que o Titan não é certificado?”.
Redação / Folhapress