Haddad articula na Câmara Municipal de SP por mudanças no Plano Diretor

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Fernando Haddad, ministro da Fazenda, tem conversado por telefone com lideranças da Câmara Municipal de São Paulo para sugerir mudanças no texto da revisão do Plano Diretor Estratégico. Desde o começo da semana, já falou com Milton Leite (União Brasil), presidente da Câmara, e Rodrigo Goulart (PSD), relator do texto, e tem mantido contato com vereadores do PT.

A atual versão do PDE foi elaborada durante a gestão Haddad, em 2014. A primeira versão da revisão do plano, aprovada em maio pelos vereadores, foi recebida com críticas da oposição e de urbanistas, que viram uma forte tendência de incorporação de demandas do setor imobiliário. Como mostrou a coluna Painel, da Folha de S.Paulo, o projeto absorveu 18 de 26 propostas feitas por associação de incorporadoras.

Leite diz que Haddad foi muito respeitoso e que tem o direito de dar sua opinião como cidadão, ex-prefeito e ministro da Fazenda. O presidente da Câmara se aborreceu com o petista no começo do mês por ele ter ligado para Tarcísio de Freitas (Republicanos) e Gilberto Kassab (PSD) para tecer críticas ao texto da revisão apresentado em primeira votação, como mostrou a coluna Mônica Bergamo, da Folha de S.Paulo.

Leite afirma que o ministro se mostrou “preocupado de fato com as questões da cidade” e fez uma série de considerações, entre elas, a de que houvesse redução no raio de 1 km das estações de metrô e trem e de 450 metros no entorno de corredores de ônibus para a construção de prédios mais altos, prevista no texto aprovado em primeiro turno. O relator alterou os raios para 700 m e 400 m, respectivamente.

O presidente da Câmara diz que ouviu as sugestões e as levou para debate com os vereadores.

Goulart também conversou com Haddad por telefone. O vereador diz que estava em reunião com a bancada do PT quando colocaram-no para falar com o ministro por telefone.

Na ocasião, afirma, ele já tinha se comprometido a incorporar boa parte das alterações sugeridas por Haddad, também defendidas por grupos da sociedade civil e vereadores da oposição, como a manutenção do formato atual do Fundurb (alimentado por outorgas onerosas pagas por construtoras para construir obras maiores) e a desistência de aumentar o coeficiente de aproveitamento de terrenos (o que determina o quanto se pode construir em cada lote) de 2 para 3 fora dos eixos de transporte.

Haddad conversou na terça-feira (20) com Láercio Ribeiro, presidente municipal do PT, e disse que concorda com que o partido apoie o projeto na segunda votação, caso a proposta final chegue ao formato que tem sido anunciado, com os recuos apresentados por Goulart.

A direção do partido tem debatido possíveis problemas na formulação do texto apresentado por Goulart, mas hoje a maioria de seus integrantes defende o voto favorável ao projeto em segundo turno.

GUILHERME SETO / Folhapress

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