Haddad diz que não há prazo para divulgar corte de gastos, e dólar sobe

BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O ministro Fernando Haddad (Fazenda) afirmou nesta terça-feira (29) que ainda não foi determinada uma data para divulgar o conjunto de medidas que irão compor a revisão de gastos anunciada pela área econômica. Haddad disse que as propostas estão sob análise do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e que cabe ao presidente definir quando o conjunto será fechado.

Após a fala do ministro, o dólar fechou em forte alta de 0,95% nesta terça-feira (29), cotado a R$ 5,762.

As declarações ocorrem um dia depois de o ministro se reunir com Lula para tratar sobre o assunto. “Ele está pedindo informações e estamos fornecendo as informações que ele está pedindo”, disse a jornalistas. “Estamos avançando na conversa. Estamos falando muito com o Planejamento também. […] Estamos fazendo as contas para fazer algo ajustadinho.”

Segundo Haddad, há a expectativa de novas reuniões com o presidente ainda nesta semana, incluindo um encontro nesta quarta-feira (30). O ministro afirmou que, por enquanto, não há vetos de Lula às medidas apresentadas.

Como a Folha mostrou, agentes do mercado financeiro tratam os próximos dias como decisivos para conferir se a equipe econômica conseguirá colocar em marcha uma agenda consistente de corte de gastos.

A Fazenda acenou nos bastidores com um pacote de impacto para afastar a crise de credibilidade, já admitida publicamente por auxiliares de Haddad. Já a ministra Simone Tebet (Planejamento) disse que uma das medidas pode, sozinha, poupar R$ 20 bilhões. Chegaram a circular números maiores, de R$ 50 bilhões, segundo técnicos da própria área econômica, especulações.

A pretensão de encaminhar ao Congresso Nacional ainda em 2024 um pacote de revisão de gastos estruturais foi anunciada por Tebet em 15 de outubro.

Na ocasião, ela afirmou que potenciais medidas já aprovadas pelo crivo da equipe econômica seriam apresentadas a Lula logo após o segundo turno das eleições municipais, realizado neste domingo (27). Ela também disse que alguns debates estavam interditados por Lula e pela própria equipe econômica, como alterações na política de valorização do salário mínimo e na vinculação do reajuste do piso das aposentadorias.

No dia seguinte, Haddad endossou que essa é uma agenda prioritária do governo até o fim do ano e disse que o desenho já estava bastante avançado. O ministro afirmou, no entanto, que o anúncio de medidas que irão compor a revisão só será feito quando “o governo estiver todo alinhado em relação aos propósitos”.

MARIANNA GUALTER / Folhapress

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