Haddad diz que projeções sobre déficit não vão se concretizar, assim como foi com o PIB

WASHINGTON, EUA (FOLHAPRESS) – O ministro Fernando Haddad (Fazenda) rebateu nesta quarta-feira (23) a piora nas projeções do FMI (Fundo Monetário Internacional) para a dívida pública do Brasil, afirmando que as previsões iniciais da entidade para o déficit primário deste ano eram pessimistas e que os resultados devem ser melhores que o esperado.

“Todas as projeções de início de ano sobre déficit primário eram muito piores do que, de fato, o que vai acontecer. Muito piores. E isso não está sendo reconhecido”, disse Haddad.

Nesta quarta, a instituição aumentou suas previsões para o déficit do Brasil nos próximos dois anos e passou a prever que o país vai atingir o equilíbrio fiscal apenas em 2027 -antes, a previsão era de déficit zero já em 2026.

Para o déficit de 2024, no entanto, houve melhora: a projeção de déficit caiu de 0,6% para 0,5% do PIB (Produto Interno Bruto).

Ele comparou a situação às projeções para o PIB do país, que foram revisadas para cima ao longo do ano. O próprio FMI, no início da semana, aumentou em 0,9 ponto percentual sua previsão para o crescimento da economia brasileira em 2024.

“Em relação ao crescimento, ninguém mais discute”, afirma o ministro.

Haddad argumenta que, apesar das preocupações levantadas sobre as metas fiscais, a situação financeira do Brasil não é tão negativa.

Segundo o ministro, mesmo após gastos relacionados a calamidades, como o crédito extraordinário para enchentes no Rio Grande do Sul, o país vai cumprir a meta fiscal deste ano e poderia ter apresentado um superávit se a desoneração de impostos tivesse sido tratada conforme as propostas da Fazenda.

Haddad destacou que o arcabouço fiscal, aprovado em 2023, trouxe estabilidade, mas que, com o agravamento das condições internas e externas, houve a necessidade de repensar a estratégia para fortalecê-lo. Em abril, a equipe econômica alterou a meta de resultado primário para 2025, passando-a de um superávit de 0,5% para resultado zero.

“Temos que ter um compromisso que a receita seja recomposta e a despesa siga abaixo da receita, entre 50% e 70% da receita, para que essa aproximação retome o posicionamento de equilíbrio e nós consigamos gerar um resultado primário como já vivemos num momento de maior crescimento da economia”, disse o ministro.

Haddad também criticou a falta de reconhecimento do mercado em relação à melhoria nas projeções de déficit primário, que, para ele, eram pessimistas no início do ano.

Ele disse, ainda, que há economistas críticos que reconhecem os avanços feitos pelo atual governo, sugerindo que a narrativa negativa sobre a economia pode ser exagerada.

Questionado sobre a apresentação de propostas de redução de gastos ao presidente Lula, Haddad afirmou que elas serão discutidas em seu retorno ao Brasil. “Nós vamos ter várias reuniões com ele e vamos discutir. Ele é o presidente e vai saber decidir”, disse.

LUCIANA ROSA / Folhapress

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