BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O ministro Fernando Haddad (Fazenda) afirmou nesta quinta-feira (13) ter pedido ritmo mais intenso de trabalhos na discussão sobre a agenda de corte de gastos. Segundo ele, será construído um extenso cardápio de alternativas para acomodar os números na proposta de Orçamento de 2025.
A declaração foi dada ao lado da ministra Simone Tebet (Planejamento) após reunião da equipe econômica na sede da Fazenda, enquanto o governo vive um cenário de esgotamento do apoio político a medidas de arrecadação. As incertezas do mercado sobre a agenda de equilíbrio das contas públicas vinham deteriorando o ambiente financeiro nos últimos dias, inclusive com desvalorização do real frente ao dólar.
“Começamos aqui a discutir 2025, a agenda de gastos. O que a gente pediu foi uma intensificação dos trabalhos, para que até o final de junho nós possamos ter clareza do orçamento de 2025, estruturalmente bem montado, para passar tranquilidade sobre o endereçamento das questões fiscais do país”, afirmou o ministro.
Começamos aqui a discutir 2025, a agenda de gastos. O que a gente pediu foi uma intensificação dos trabalhos
Ministro da Fazenda
“Nós estamos botando bastante força nisso, fazendo uma revisão ampla, geral e irrestrita do que pode ser feito para acomodar as várias pretensões legítimas do Congresso, do Executivo, mas sobretudo para garantir que nós tenhamos tranquilidade o ano que vem”, acrescentou.
Conforme mostrou a Folha, a equipe econômica trabalha com a revisão de gastos com determinados benefícios previdenciários. Além disso, discute a flexibilização das despesas mínimas com saúde e educação que hoje crescem de forma mais acelerada que os demais dispêndios.
Tebet defendeu em audiência nesta quarta (12) que sejam revistos os gastos com seguro-desemprego, abono salarial e BPC (Benefício de Prestação Continuada, pago a idosos carentes e pessoas com defiência). Ela também pregou a análise sobre benefícios previdenciários de militares.
“Nós temos um dever de casa agora sobre o lado das despesas, se os planos A, B, C e D já estão se exaurindo para não aumentar a carga tributária pela receita, sobre a ótica das despesas nós temos plano A, B, C, D e E, que está sendo formulado pela equipe do Ministério da Fazenda e do Ministério do Planejamento e Orçamento”, afirmou Tebet nesta quinta.
Nós temos um dever de casa agora sobre o lado das despesas. Se os planos A, B, C e D já estão se exaurindo para não aumentar a carga tributária pela receita, sobre a ótica das despesas nós temos plano A, B, C, D e E
Ministra do Planejamento
Haddad chegou a acrescentar que o trabalho ofereceria “o alfabeto todo”. Tebet respondeu: “Não sei se é o alfabeto todo”.
Tebet ainda destacou que a agenda de revisão de gastos da equipe econômica coincide com a avaliação do TCU (Tribunal de Cortinas da União) acerca das contas de 2023 o desequilíbrio na Previdência e os benefícios tributários.
“O grande problema em relação às despesas no Brasil são dois, um, [crescimento] de forma muito acentuada dos gastos previdenciários. E o segundo em relação aos gastos tributários, ou seja, as desonerações, e interessante porque vai [conclusão do TCU] ao encontro do nosso trabalho”, disse a ministra.
NATHALIA GARCIA / Folhapress