SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Membros do Hamas e do Jihad Islâmico libertaram nesta terça-feira (28) um quinto grupo de reféns que mantinham havia 53 dias no território palestino.
Os civis foram entregues ao Comitê Internacional da Cruz Vermelha em uma ação organizada no sul de Gaza durante a noite tarde em Brasília. Na sequência, cruzaram a passagem de Rafah, em direção ao Egito, e depois foram entregues a militares israelenses no kibutz de Kerem Shalom.
Ao menos dez cidadãs israelenses, sendo uma menor de idade, foram libertadas, além de outros dois cidadãos da Tailândia. A libertação ocorre um dia após a facção terrorista e Israel concordarem em estender por 48 horas o cessar-fogo selado na última semana e que terminaria nesta segunda (27).
Além disso, em contrapartida, neste quinto dia de trégua também devem ser libertados por Tel Aviv ao menos 30 civis palestinos que hoje estão presos. Segundo o Qatar, emirado que atua como o principal mediador do conflito, seriam 15 menores de idade e 15 mulheres.
Em vigor desde a madrugada da última sexta-feira (24), o acordo permitiu até o momento a libertação de cerca de 60 reféns que estavam sob poder do Hamas na Faixa de Gaza e de 150 palestinos que estavam em prisões israelenses.
Com a saída dessa parcela do grupo, Israel afirma que há ainda ao menos 163 pessoas ainda sequestradas. Entre elas está o bebê Kfir Bibas, de 10 meses, o refém mais jovem que foi levado do sul de Israel junto com a mãe, o pai e o irmão primogênito de 4 anos.
O caso comove o país em especial porque acredita-se que a família esteja sob domínio de outra facção terrorista que não o Hamas, e não há previsão de soltura deles.
Paralelamente à negociação principal com Tel Aviv, o Hamas também libertou 17 tailandeses, um filipino e um cidadão russo-israelense. Há forte presença de mão de obra tailandesa em Israel, em especial nas comunidades agrícolas do sul, justamente a porção territorial atacada em 7 de outubro pelo grupo terrorista.
Já entre os que saíram das prisões de Israel está Mohamed Abu al Humus, que abraçou a mãe ao retornar para casa, em Jerusalém Oriental. “Não posso descrever o que sinto. É uma alegria indescritível”, declarou à agência AFP.
Em Beitunia, na Cisjordânia ocupada, a recepção aos presos terminou em confrontos com as forças de segurança de Israel, e um jovem palestino morreu ao ser atingido por tiros, informou o Ministério da Saúde palestino.
Antes da extensão da trégua, o gabinete do premiê Binyamin Netanyahu já havia aprovado a inclusão de 50 prisioneiros na lista de palestinos que podem ser libertados. Entre elas está Ahed Tamimi, uma jovem que virou símbolo da causa palestina após dar um tapa na cara de um soldado israelense. Ela diz ter reagido a uma agressão anterior contra seu primo, que teria sido atingido por uma bala de borracha na cabeça.
O Hamas disse que já propôs um novo acordo a Israel. “Esperamos que a ocupação [Israel] cumpra [a negociação] nos próximos dois dias, porque estamos buscando um novo acordo, além de mulheres e crianças, em que outras categorias possam ser trocadas”, disse Khalil al-Hayya, membro do Hamas, à emissora do Qatar Al Jazeera.
Os mediadores também trabalham para prolongar a trégua além das 48 horas adicionais. O secretário de Estado americano, Antony Blinken, viajará no fim de semana para Israel e Cisjordânia para fazer reuniões com Netanyahu e o presidente da Autoridade Palestina, Mahmud Abbas.
Apesar da pressão da sociedade civil para conseguir o retorno de mais reféns, o governo de Israel reiterou nos últimos dias que pretende retomar os combates para “eliminar” o Hamas. Nesta segunda, Netanyahu solicitou ao Parlamento um orçamento de guerra de 30,3 bilhões de shekels (R$ 39 bilhões).
Israel iniciou a ofensiva contra a Faixa de Gaza após o ataque do grupo palestino no começo de outubro, quando 1.200 pessoas foram assassinadas por terroristas, segundo as autoridades israelenses. Entre os mortos estão mais de 300 militares ou integrantes das forças de segurança.
Em Gaza, alvo de bombardeios incessantes e de uma ofensiva terrestre desde 27 de outubro, a operação israelense deixou 14.854 mortos, incluindo 6.150 menores de idade, segundo o Ministério da Saúde controlado pelo Hamas.
A extensão da trégua deve permitir ainda a entrada de mais caminhões com ajuda para a Faixa de Gaza, cercada e devastada após sete semanas de ofensiva israelense. “A situação humanitária em Gaza continua sendo catastrófica e o território precisa da entrada urgente de ajuda adicional de forma fluida, previsível e contínua para aliviar o sofrimento insuportável dos palestinos”, afirmou o emissário da ONU para o Oriente Médio, Tor Wennesland.
Redação / Folhapress