Handred traduz brasilidade de Sergio Rodrigues em sua nova coleção de vestuário

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Criar uma coleção de moda a partir de pinturas ou desenhos de artistas plásticos é relativamente comum, mas como seria desenvolver roupas tendo como base o design de móveis? Uma resposta possível está agora nas araras da Handred.

A marca carioca, sinônimo de brasilidade cool, lançou na última São Paulo Fashion Week uma coleção feita a partir de pesquisas no acervo de imagens do Instituto Sergio Rodrigues, organização responsável por cuidar do legado de um dos principais nomes do móvel moderno no Brasil.

Há, por exemplo, uma regata de seda com padronagem que remete às bordas de madeira do espelho Cuiabá. Uma camiseta traz o bordado do banquinho Mocho, peça bastante conhecida do designer carioca, enquanto um vestido mostra uma estampa baseada na mistura de diversos desenhos de Rodrigues.

Na ilustração em preto e branco, vemos um cachorrinho, plantas e a poltrona Mole, ícone máximo do designer, mas também personagens —um deles joga sinuca, o outro está deitado numa espreguiçadeira de praia.

Fernando Mendes de Almeida, presidente do Instituto Sergio Rodrigues, conta que a figura humana era muito presente nos desenhos de ambientação que Rodrigues fazia quando ia entregar um projeto.

“A moda de certa maneira está incluída na obra do Sergio. Os personagens que ele inseria nos desenhos tinham uma preocupação com as vestimentas. A roupa é um elemento de comunicação”, ele afirma, acrescentando que o designer gostava muito de ir ao cinema para ver as cenografias e os figurinos dos filmes.

André Namitala, diretor criativo da Handred, ficou um ano mergulhado nos arquivos do instituto para desenvolver as roupas. Segundo ele, havia material suficiente “para fazer 25 coleções”, e foi necessário parar de pesquisar em determinado momento, embora sua vontade fosse continuar.

No desfile, apresentado na Dpot, a loja que comercializa as peças deste pioneiro do design nacional, alguns modelos entraram na passarela vestindo miniaturas do espelho Cuiabá —o pequeno espelho apareceu como brinco, replicado lado a lado formando um cinto e montado como trama no formato de regata.

Namitala também criou para o desfile um grande colete em couro capitonê, levando assim para a passarela dois materiais muito presentes nos móveis de Rodrigues —o couro e a madeira—, além de apresentar uma série de peças com grandes bolsos utilitários, inspirados nos coletes que o próprio designer usava. “Sempre tive o Sergio como um ídolo”, ele diz.

Esta foi mais uma coleção da Handred com temática de cultura brasileira. A marca já lançou uma linha inspirada nas cerâmicas de Francisco Brennand e prepara agora um projeto feito com o artista visual Ayrson Heráclito.

JOÃO PERASSOLO / Folhapress

COMPARTILHAR:

Participe do grupo e receba as principais notícias de Campinas e região na palma da sua mão.

Ao entrar você está ciente e de acordo com os termos de uso e privacidade do WhatsApp.

NOTÍCIAS RELACIONADAS