SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Israel afirmou ter identificado o lançamento de aproximadamente 160 projéteis do norte do Líbano nesta quarta-feira (12), um dia depois de um comandante sênior do Hezbollah ser morto em um ataque de Tel Aviv no sul do país vizinho.
Segundo o Exército israelense, a maioria dos projéteis, disparados em duas rodadas, caiu em terrenos baldios no norte do país e causou incêndios, mas outros foram interceptados. As informações iniciais não falam sobre vítimas.
O Hezbollah, por sua vez, não mencionou números oficialmente, apenas anunciou que disparou “vários foguetes” contra três bases militares israelenses. Um deles teria atingido uma fábrica militar, segundo o grupo extremista, em retaliação ao assassinato de Taleb Sami Abdallah na véspera.
Além de Abu Taleb, como o comandante é conhecido, o ataque israelense na vila de Jouaiyya, na noite de terça-feira (11), matou outros três combatentes do Hezbollah, segundo Israel e três funcionários do Líbano que falaram com a agência de notícias Reuters.
Hostilidades na fronteira entre os dois países acontecem desde o início da guerra entre Israel e Hamas na Faixa de Gaza, em outubro o grupo libanês é um aliado da facção palestina. A morte de Abu Taleb, porém, tem o potencial de levar a tensão a outro patamar, já que ele foi o militar com a mais alta patente na facção a ser morto em um ataque de Israel nesses oito meses de conflito, segundo um dos funcionários libaneses.
Em um cortejo de Abu Taleb no sul de Beirute, que aconteceu nesta quarta diante de milhares de apoiadores do Hezbollah, o alto funcionário do grupo Hashem Safieddine disse que o grupo aumentaria a intensidade, a força e a quantidade de suas operações contra Israel em resposta ao assassinato.
“Se o inimigo está gritando e gemendo sobre o que aconteceu com ele no norte da Palestina, que ele se prepare para chorar e lamentar”, disse Safieddine antes do enterro de Abu Taleb, que deve acontecer mais tarde no sul do Líbano.
Um dos funcionários de segurança no Líbano que falou com a Reuters disse que o Hezbollah disparou mais de 100 foguetes em resposta à morte uma das maiores salvas de foguetes do grupo desde o início das hostilidades, após o ataque terrorista do Hamas no sul de Israel que iniciaram a guerra.
Pelo menos 467 pessoas morreram no Líbano desde o início da guerra em Gaza, de acordo com estimativas da AFP. A maioria é formada por combatentes, mas o número inclui também quase 90 civis, segundo a agência de notícias. Do lado israelense, pelo menos 15 soldados e 11 civis morreram, segundo autoridades de Tel Aviv. Em ambos os lados da fronteira, dezenas de milhares de pessoas tiveram que deixar suas casas devido às hostilidades contínuas.
A escalada das tensões no Oriente Médio chegou a um novo patamar no começo do mês depois que foguetes disparados do Líbano contra Israel provocaram um incêndio que se alastrou por 15 quilômetros quadrados, obrigando Tel Aviv a ordenar a retirada de milhares de moradores de cidades na fronteira norte. Cerca de 70 mil pessoas tiveram de deixar suas casas.
Em resposta, o primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, disse durante visita à região atacada que Israel estava preparado “para uma ação muito poderosa no norte”. No mesmo dia, o governo anunciou a decisão de convocar mais 350 mil reservistas.
A tensão no Líbano havia se agravado com outros dois episódios recentes.
No último dia (4), as forças israelenses disseram ter matado um comandante do Hezbollah numa operação na cidade libanesa de Naqoura. Quatro dias antes desse ataque, um outro bombardeio também atribuído pelo Hezbollah a Israel atingiu a casa na qual a brasileira Fatima Boustani, 30, vivia com os filhos em Saddikine, a cerca de 5 km da fronteira com Israel. Uma filha de 10 anos e um filho de 9 também ficaram feridos.
Boustani foi internada em estado grave, mas teve evolução clínica e pôde ser transferida para um hospital na capital do país, Beirute, segundo um tio dela.
Redação / Folhapress