SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – H&M a caminho do Brasil, o custo bilionário dos incêndios e outros destaques do mercado nesta sexta-feira (27).
**CHEGADA DA H&M ESQUENTA A DISPUTA**
A rede europeia de fast fashion H&M anunciou que abrirá sua primeira loja no Brasil no final de 2025.
Ela será alocada no tradicional Shopping Iguatemi, em São Paulo, zona oeste da cidade, um dos endereços mais caros da capital.
Sobre a H&M: é uma companhia sueca com 4.300 lojas em 75 países, incluindo Chile e Uruguai.
É a segunda maior rede de roupas de varejo do mundo, ficando atrás apenas da Inditex, dona da Zara.
ALTA CONCORRÊNCIA
A empresa entrará em um mercado já bastante disputado, em que as redes Zara, C&A e Renner competem pelos clientes.
O varejo digital de roupas de empresas asiáticas, como Shein, Shopee e Temu, intensificou a disputa, já que elas oferecem peças de roupa com preços extremamente baixos.
Apesar de se instalar em um shopping com perfil de luxo, a H&M tende ao conceito de moda acessível.
Analista ouvido pela Folha de S.Paulo afirma que a marca poderá escolher entre se posicionar para concorrer com a Zara, mais premium, ou a Renner e C&A.
A empresa informou que ainda estuda a abertura de lojas no Rio de Janeiro e em Campinas, no interior de São Paulo.
Mais sobre a companhia: fundada em 1947 na Suécia, a H&M é a sigla para Hennes and Mauritz.
Primeiro nasceu como Hennes (palavra sueca para “dela”) e vendia apenas roupas femininas. Nos anos 60, a fusão com a Mauritz Widforss levou à inclusão das roupas masculinas, e o nome foi alterado.
A empresa teve um faturamento global de US$ 22,8 bilhões (R$ 123,5 bilhões) em 2023, em comparação com os US$ 38,9 bilhões (R$ 210,5 bilhões) da Inditex, dona da Zara.
RIQUEZA NÓRDICAS
A H&M é uma das forças da economia sueca. Com apenas 10 milhões de habitantes, o país tem um dos maiores PIB per capita do mundo, de US$ 56,3 mil (R$ 304,5 mil).
A Suécia produz mais “unicórnios” (empresas que alcançam valor acima de US$ 1 bilhão) per capita do que qualquer outro país europeu, exceto a Estônia.
Volvo, Electrolux e Spotify são outras grandes empresas fundadas por lá. O Skype, a King, desenvolvedora do jogo Candy Crush, e a Saab, fabricante dos aviões caça Gripen, também.
**CONTA ALTA PARA O AGRO**
Os incêndios que atingiram o Brasil nos últimos meses, reflexo de ações criminosas e da seca recorde, causaram um prejuízo de pelo menos R$ 14,7 bilhões a propriedades rurais.
A estimativa é da CNA (Confederação Nacional do Agronegócio), com base em mapeamento de satélite.
Foram impactados 2,8 milhões de hectares de propriedades rurais privadas.
Os principais danos foram sobre:
– Pastagem (R$ 8,1 bilhões);
– Cercas (R$ 2,8 bilhões);
– Produção de cana-de-açúcar (R$ 2,7 bilhões);
– outras culturas temporárias e permanentes (R$ 1 bilhão)
Os estados que mais sofreram foram:
– São Paulo, com perda de R$ 2,8 bilhões;
– Mato Grosso, com perda de R$ 2,3 bilhões;
– Pará, com perda de R$ 2 bilhões;
– Mato Grosso do Sul, com perda de R$ 1,4 bilhão;
Impactos nos preços. As perspectivas são de preços mais altos para alguns produtos como o açúcar, a mandioca, o milho, laranja e o café. Não só devido às queimadas, mas também devido à seca.
O café e a laranja já vinham em alta nos últimos meses. Agora, a situação climática só piorou os preços.
Semanas atrás, o ministro Fernando Haddad afirmou estar “um pouco preocupado” com a inflação de alimentos.
AÇÕES CRIMINOSAS
A CNA sustenta que a maioria dos incêndios registrados são criminosos, principalmente no interior do estado de São Paulo.
Um levantamento que revela que metade das plantações queimadas em agosto pegou fogo no mesmo dia sugerem uma ação coordenada.
TEMPOS EXTREMOS
Pela segunda vez seguida, a cidade de São Paulo voltou a ter o dia mais quente do ano.
Medição feita pelo Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia) às 15h desta quarta-feira (25) foi registrada a temperatura de 35,8°C na estação do Mirante de Santana, na zona norte.
Os recordes estão sendo registrados em meio à sétima onda de calor enfrentada pelo país neste ano.
SOLUÇÃO VERDE DEBAIXO DA TERRA
A Noruega avançou na construção de uma rede que permitirá escoar e enterrar dióxido de carbono no solo, evitando a poluição da atmosfera.
O país inaugurou nesta quinta-feira (26) um terminal de onde sairão navios transportando CO₂ para ser injetado no fundo do oceano.
As primeiras injeções estão previstas para 2025.
COMO FUNCIONA
A tecnologia é um dos tipos da chamada captura de carbono, tecnologia que ajuda no combate ao aquecimento global.
Ela conectará as fontes de gases, como a indústria, diretamente ao armazenamento no subsolo, sem que o CO₂ escape para a atmosfera.
Para isso, eles são transformados em estado líquido, num processo conhecido como liquefação.
ESCALA
O projeto é coordenado pela empresa Northern Lights, que planeja fornecer ao setor industrial da Europa a capacidade de armazenar 1,5 milhão de toneladas ao ano.
Se houver demanda, a capacidade pode chegar a 5 milhões de toneladas. O projeto é apoiado pelas petroleiras Equinor, Shell e TotalEnergies.
CARBONO ZERO?
Apesar de a estratégia principal para conter o aquecimento global ser o fim das emissões de gases, alguns setores têm dificuldades tecnológicas para alcançar a meta.
Entre eles estão a indústria de cimento e as siderúrgicas, que encontram poucos substitutos limpos no processo industrial.
É aí que entram os diferentes tipos de captura de carbono. Entenda melhor aqui.
Cientistas ressaltam, no entanto, que essa tecnologia não deve ser usada como desculpa para manter as emissões em alta no mundo.
De acordo com a IEA (Agência Internacional de Energia), em relatório publicado em 2023, a captura deve representar apenas 8% das reduções de emissões.
OUTROS TIPOS
Além da canalização direta em construção na Noruega, a retirada do carbono, já emitido no ar, é outra tecnologia que tem crescido.
Ela imita o que as árvores fazem no processo de fotossíntese, removendo o CO₂ da atmosfera em uma escala muito maior e mais rápida.
Desde 2021, a empresa suíça Climeworks opera a primeira grande usina de DAC (captura direta de ar) do mundo, na Islândia, capaz de remover 4.000 toneladas de CO₂ por ano.
A segunda unidade foi inaugurada este ano. Veja fotos.
**PARA OUVIR: OS ECONOMISTAS**
Podcast, episódios 133 e 134, em média 2h de duração
Os juros subiram no Brasil e caíram nos Estados Unidos. Essa é a principal notícia do noticiário econômico desde a semana passada.
O desencontro entre países gerou dúvida: o que fazer agora com os investimentos?
Os dois episódios mais recentes do podcast Os Economistas discutem o tema. A Bolsa vai subir? E os fundos imobiliários? Qual é o impacto dos juros no rendimento da renda fixa?
No podcast, os temas variam de investimentos e economia brasileira a política internacional. Ele é semanal e está disponível nas principais plataformas de podcasts.
As conversas são bastante completas e, por isso, costumam ser longas, com pelo menos uma hora de duração.
**O QUE MAIS VOCÊ PRECISA SABER**
PIB
Mais de 80% das negociações salariais até agosto superam a inflação, diz BC. Relatório mostra mercado de trabalho aquecido, com desemprego em baixa e rendimento médio do trabalho subindo.
BANCO CENTRAL
BC aumenta projeção de alta no PIB deste ano de 2,3% para 3,2%. Expectativa de inflação também sobe, com bandeira vermelha patamar 2 em outubro e patamar 1 em novembro.
BETS NO BRASIL
Uso de cartão de crédito em bets representa cerca de 15% das apostas, estima Campos Neto. Segundo presidente do BC, maioria das transações é feita via Pix, e órgão ainda precisa entender impacto na inadimplência.
PETROBRAS
Petrobras reduz preço do querosene de aviação em 9,1% e diz avaliar cenário para gasolina. ‘Na hora em que a gente entender que cabe redução, faremos’, diz presidente da estatal sobre combustível.
VICTOR SENA / Folhapress
