SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O desaparecimento repentino do homem filmado por câmeras atacando mulheres e tentando arrastá-las para dentro de um Fiat Uno na zona leste de São Paulo tem feito a polícia trabalhar com a possibilidade de que ele possa estar morto.
Solirano de Araújo Sousa, 48, o homem que aparece nos vídeos abordando as vítimas no dia 13 está sumido há uma semana –sete mulheres procuraram a polícia para denunciar os episódios. O último contato de Sousa com familiares ocorreu no dia 17. Por telefone, ele disse aos parentes não ser um estuprador, de acordo com a polícia.
Segundo o delegado Ricardo Salvatori, titular do 57° DP (Parque da Mooca), responsável pela investigação, a última transação bancária feita por Sousa ocorreu naquela mesma data. Também naquele dia, o Fiat Uno que aparece nos ataques foi abandonado nas imediações da favela Elba, em Sapopemba. O carro foi localizado pela polícia no dia 18.
Salvatori disse que os investigadores têm feito buscas em unidades do IML (Instituto Médico Legal) da capital e de Santo André, no ABC, a fim de identificar corpos com as mesmas características do procurado, mas sem sucesso. O suspeito também é procurado em hospitais de São Paulo e de cidades vizinhas. Sousa possui um mandado de prisão temporária expedido pela Justiça por causa dos ataques.
Ainda no dia 17, um vídeo obtido pela Polícia Civil mostra quando Sousa deixa o Fiat Uno e entra em um comércio na região da favela Elba. Na imagem é possível ver que o suspeito caminha com muletas, e uma das pernas parece estar imobilizada. Aos familiares ele disse ter se machucado sozinho e negou que tivesse sido agredido.
“[Sousa] teria dito que foi autolesão. Ele pulou um muro por ter avistado uma viatura à distância, muito longe, se escondeu e se machucou”, disse à Folha o delegado Ricardo Salvatori, do 57° DP (Parque da Mooca), sobre o que ouviu dos familiares do suspeito.
A polícia não descarta nenhuma hipótese, mas ainda não conseguiu uma confirmação de que Sousa possa ter sido sequestrado pelo crime organizado para passar pelo tribunal do crime, como é conhecido o justiçamento feito por criminosos que não toleram certos tipos de delitos, como estupro.
Até o momento não há nada que indique que Sousa tenha atacado as mulheres com intenção de cometer abuso sexual. Salvatori trata os casos como tentativa de crime patrimonial.
Familiares disseram aos policiais que Sousa era usuário de drogas. Um pino usado para armazenar entorpecentes foi encontrado dentro do Fiat Uno durante a perícia.
ATAQUES
Os ataques ocorrerem no período de 1h20, todos no dia 13. As vítimas têm idades entre 16 e 34 anos. Elas reconheceram o suspeito por meio de fotos apresentadas pela polícia.
Um dos vídeos mostra o homem parando o automóvel em frente a uma escola estadual na região da Mooca. O suspeito sai e, quando uma jovem passa, ele a segura, abre a porta traseira do veículo e tenta arrastá-la para dentro do carro, mas ela consegue se soltar e sai correndo.
Outra imagem mostra o homem abordando duas mulheres em um ponto de ônibus, na rua Manuel Onha. O suspeito para o carro, desce e aborda a primeira vítima pelas costas. Ela consegue se soltar e corre. Ele continua parado no ponto até abordar outra vítima, que passava pela calçada. Ele a segura pela nuca, mas ela se solta e sai andando.
As ações do homem ocorreram em um raio próximo: três ataques na rua Manuel Onha, na Vila Oratório; dois na rua Herwis, na Vila Ema; um na rua Antônio Gomes, na Vila Santa Clara; e outro na avenida Sapopemba.
PAULO EDUARDO DIAS / Folhapress