SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Demitida do ministério do Esporte pelo presidente Lula (PT) nesta quarta-feira (6), Ana Moser tinha o apoio de atletas e entidades esportivas para permanecer no cargo.
Depois de uma campanha nas redes sociais pela permanência da ex-ministra, que acabou com a nomeação do deputado federal André Fufuca (PP-MA) para substituí-la, grandes nomes do esporte nacional lamentaram a saída de Ana.
Yane Marques, presidente da Comissão de Atletas do COB (Comitê Olímpico Brasileiro), comentou a mudança no ministério a menos de um ano para os Jogos Olímpicos de Paris.
“Fomos parte desse movimento de apoio à Ana. Agora o fato está consumado. Nosso desejo agora é de uma gestão bem-intencionada e aberta ao diálogo. Não conhecemos o novo ministro, mas é hora de torcer pelo esporte e, naturalmente, por ele nesse comando”, disse.
A ex-nadadora Joanna Maranhão escreveu que manter Ana não significava negar política, mas marcar território e afirmar a pasta de esportes como fundamental ao país.
“Não serei eu a eleitora que irá aplaudir erros do governo. Nunca o fiz. Não o farei agora. Ana segue sendo a pessoa certa para propor uma política pública de esporte de Estado, e não de um governo. Era a chance que tínhamos. E perdemos”, afirmou.
O Esporte pela Democracia, criticou a postura do Governo Federal e disse que o esporte, mais uma vez, serve de moeda de troca. O movimento foi fundado por nomes como Walter Casagrande, Fê Garay e Raí, e é formado por atletas, ex-atletas, jornalistas, artistas e empresários.
“Ao abrir mão de Moser em nome de governabilidade, atendendo a pressões do que há de mais fisiológico na política brasileira, Lula dá um passo atrás e decepciona profundamente aquelas pessoas que ouviram dele, em alto e bom som, que poderiam acreditar e sonhar com um futuro melhor, no qual o esporte seria um instrumento importante de inclusão e transformação social”, diz nota.
Há meses, grandes nomes do esporte nacional, incluindo do basquete e do vôlei, vinham se posicionando contra a demissão de Ana Moser.
“Esporte não é puxadinho. Esporte é saúde, qualidade de vida, educação, inclusão. Esporte é transformador! Ana Moser assumiu o ministério há 6 meses, promoveu movimentos importantes, mas pode sair por pressões políticas. #FicaAnaMoser”, escreveu a ex-jogadora de vôlei Virna Dias, em julho.
Carol Solberg, atleta do vôlei de praia, também fez campanha pela ex-ministra. “Depois de um ciclo de total abandono, em que o esporte foi usado como moeda de troca, a gente vem finalmente retomando esse lugar do esporte como agente de transformação. Por isso, todo o meu apoio à permanência da Ana Moser no ministério do Esporte”, disse em vídeo publicado em agosto.
Raí, ex-jogador de futebol, também gravou vídeo em apoio à ex-ministra. “Há muito tempo não temos alguém assim a frente do Ministério!”, disse na publicação.
“Estamos com Ana Moser e apoiamos seu trabalho à frente do Ministério do Esporte “, publicou Hortência em suas redes sociais há dois dias.
A ex-ministra divulgou uma nota nesta quarta, na qual lamenta a saída do cargo, e em particular a interrupção “em tão pouco tempo” de uma política para a área.
Segundo o texto, do Ministério do Esporte, Ana disse ao próprio Lula, no encontro em que sua saída foi anunciada, que promessas de campanha do petista para o esporte acabaram tendo pouco para serem implementadas.
Moser foi demitida na primeira grande reforma ministerial de Lula. A mudança tem como objetivo ampliar a base de apoio do governo no Congresso para aprovar medidas de seu interesse.
Redação / Folhapress