SÃO ROQUE, SP (FOLHAPRESS) – “Assim você rouba meu emprego”, brinca a monitora com o pai que queria pegar a filha para passar protetor e ficar cinco minutos com a pequena. Só que naquele fim de semana parecia que ela é que havia roubado o trabalho dos pais, já que em hotéis de lazer as crianças passam quase o dia inteiro com os monitores.
O Villa Rossa, em São Roque (SP), a cerca de 60 km da capital, é um exemplo, e lá a programação infantil começa às 9h, no café da manhã com os “tios”, e vai até as 22h, com um intervalo à tarde para o banho.
Durante o período, os pequenos fazem tirolesa, escalada indoor, caça ao tesouro, escorregam de toboágua, brincam de esconde-esconde, atiram de arco e flecha, fazem outras atividades e são acompanhados pelos monitores também no almoço e no jantar, sem que os pais tenham de implorar para que eles comam.
No final das contas, serve de desmame para quem não sai da aba dos filhos e também para os que buscam terceirizar a função toda com as crianças. Serve ainda, na coluna do meio, para os que fazem o possível no dia a dia e às vezes se martirizam por isso e querem aí sem muita dor na consciência ter um pouco de silêncio para conseguir ouvir os próprios pensamentos. Todas as opções são justas e está tudo bem.
Essa terceirização quase total, porém, tem preço: nas refeições, você pode se deparar com seu filho mandando waffle com leite condensado e sorvete logo no café, algo que se repetirá com mais meia dúzia de carolinas no almoço e um cheesecake no jantar. É, de uma só vez, o desespero de quem se orgulha que sua criança só comeu açúcar depois dos quatro anos e a justiça divina da criação cheia de regras rígidas.
Como o clichê diz que não existe almoço grátis, o valor estimado para dois adultos e duas crianças passarem um final de semana no Villa Rossa, de acordo com a assessoria do hotel, vai de R$ 2.414, na acomodação Luxo Superior, até R$ 4.474, na Loft Premium, que abriga até cinco pessoas. Tirar as crias das telas pode ser caro, e, num hotel com extensa programação de atividades offline, mais caro ainda.
Em fevereiro, o Villa Rossa inaugurou A Floresta, um investimento de R$ 2,7 milhões em uma casa de 900 m² feita de madeira e dividida em cinco ambientes. No principal deles, destinado a crianças de 8 a 12 anos, recreações como queimada e vampiro-vampirão, que demandam espaço para correr, são as protagonistas.
Outro, para a faixa de 4 a 7 anos, oferece oficinas e brincadeiras, tudo com referências à natureza, como o nome d’A Floresta deixa claro. Entre os ambientes há um salão com mesas de pingue-pongue, sinuca e pebolim, e, no andar de cima, um cinema para 60 pessoas que sacia a abstinência de tela em grande estilo.
Por fim, uma brinquedoteca sofisticada, com pufes e objetos de madeira, abriga os pequenos de 0 a 3, que têm de ser acompanhados pelos pais, já que a monitoria só está disponível para os maiores de quatro anos.
Para organizar quem fica em cada espaço, a equipe distribui pulseiras divididas por cores, o que também orienta os monitores se a criança pode ou não andar por aí sozinha. Caso ainda não tenha chegado a hora do desmame, há atividades para curtir em família, como o caiaque e o pedalinho no lago do hotel, com uma fonte no meio que rende o clássico momento de tiozão de passar pela água e molhar todo mundo.
Mas se a ansiedade da separação já passou e a hora agora é de viver um pouco sem ouvir “mãããe” ou “paaai” a cada 30 segundos, os adultos usufruem de todo o kit de um hotel de lazer: spa com sauna, pub com karaokê, salão de carteado, quadras de tênis, futebol, beach tênis e, em breve, pickleball, além de um conjunto de piscinas, uma das quais de 800 m². E, pasme, sem música em volume estridente, uma raridade.
Importante fazer muita atividade física durante a estadia, porque o Villa Rossa respeita uma das principais tradições brasileiras, o self-service, e a possibilidade de entrar no hotel andando e sair rolando é grande. São muitas opções, muitas tentações, muitas dietas para serem deixadas para amanhã. Aproveite que seus filhos estarão com o monitor para, pelo menos durante um final de semana, pular a aula do exemplo.
O jornalista viajou a convite do hotel Villa Rossa
DAIGO OLIVA / Folhapress