SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Nova inteligência artificial do Google resolve problemas da Olimpíada de Matemática, mudanças na relação entre mídia e esporte e o que importa no mercado nesta segunda-feira (29).
**MEDALHA OLÍMPICA PARA A IA**
A inteligência artificial ficou mais perto de alcançar o raciocínio humano. Uma nova tecnologia do Google “participou” da Olimpíada de Matemática deste ano, encerrada na última semana, e alcançou uma posição de medalha de prata.
Os novos modelos foram batizados de AlphaProof e AlphaGeometry 2.
Eles são uma combinação do Gemini, principal tecnologia de IA do Google, com o AlphaZero, já utilizado pela empresa em jogos e partidas de xadrez.
POR QUE IMPORTA
Problemas matemáticos indicam a capacidade de determinada inteligência artificial. Isso porque exigem raciocínio abstrato.
Os resultados mostram os melhores obtidos por um sistema de IA até o momento. AlphaProof e AlphaGeometry 2 acertaram quatro das seis questões.
O primeiro lugar foi de Haojia Shi, da China. O estudante obteve nota máxima, de 42 pontos. Medalha de ouro.
A inteligência artificial do Google ficou com 28 pontos, apesar de receber tempo extra porque era uma espécie de competidor especial. Medalha de prata.
A competição. Cerca de 600 estudantes do mundo fizeram provas com problemas de álgebra, combinatória, geometria e teoria dos números.
O sistema do Google resolveu dois problemas de álgebra, um de geometria e um de teoria dos números. Falhou em combinatória.
O MODELO
Por trás de cada serviço de inteligência artificial, como ChatGPT ou Gemini, estão os chamados modelos, também conhecidos como motores. O AlphaProof e AlphaGeometry 2 são os novos modelos desenvolvidos pela Google Deep Mind, divisão responsável por IA.
Eles são a tecnologia que faz todo o trabalho. Em geral, o código dos modelos é guardado a sete chaves. Uma das exceções é o Llmma 3, de Mark Zuckerberg.
Os mais comuns:
– No ChatGPT estão em operação o GPT 3.5, 4.0 ou 4.o.
– No Gemini, estão o Gemini Ultra, Pro ou Nano.
– Na Meta AI, barrada no Brasil, está o Llamma 3.
O FUTURO CHEGOU
A inteligência artificial começou a se aproximar das capacidades humanas há pouco. Foi em 2017 que a tecnologia venceu pela primeira vez um campeão de xadrez. Entenda como ela funciona.
De lá para cá, os serviços de inteligência artificial generativa ganharam popularidade no dia a dia. São usados para criação de textos, imagens, vídeos
As tecnologias foram reguladas na Europa, e o tema está sob discussão por aqui no Congresso Nacional.
**CUSTO MILITAR**
Quase 20% dos militares inativos no Brasil já têm mais tempo fora das Forças Armadas do que tiveram em serviço.
São 29,7 mil “aposentados” da Marinha, Exército e Aeronáutica que mantêm suas remunerações há mais tempo do que o período somado de contribuição à Previdência.
QUEM SÃO
Dos quase 30 mil inativos, há principalmente servidores reformados, mas também os que foram para a reserva. Em caso de reforma, o militar não pode voltar a servir. Ela acontece, em geral, por idade, doença ou acidente.
↳A proporção é maior no Exército, onde chega a 28%. Na Marinha e Aeronáutica é menor, 9,6% e 7,6%, respectivamente.
POR QUE IMPORTA
Levantamento da Folha de S.Paulo publicado em janeiro mostrou que as Forças Armadas gastaram 85% de seus orçamentos com salários. Só 5% foram investimentos.
Os militares ativos custam R$ 32,4 bilhões ao ano; inativos custam R$ 31,2 bilhões e pensionistas custam mais R$ 25,7 bilhões.
NA ÍNTEGRA
A despesa com a reserva é alta porque os militares aposentam mais cedo e mantêm o valor integral de seu salário.
↳ Generais, por exemplo, recebem cerca de R$ 37 mil após aposentar.
Em entrevista à Folha de S.Paulo, a especialista em área militar, Ana Penido, da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) dá o contexto para os números:
– Regimes diferenciados foram criados para atrair pessoas para as Forças Armadas, carreira pouco convidativa até meados do século XX.
– A idade mais baixa exigida para aposentadoria é para compensar o risco de vida em conflitos, o que hoje é questionado devido à posição pacifista do Brasil.
– A estratégia de Defesa do país estaria defasada, com alto gastos com pessoal, e não com avanço tecnológico.
MUITA GENTE?
Os 85% do orçamento que vão para pessoal são uma realidade oposta do que é visto nos 29 países da organização ocidental Otan, liderada pelos Estados Unidos.
↳ Somente 9 países possuem o orçamento com pessoal superior a 50%.
↳ Só 3 países (Portugal, Canadá e Bélgica) gastam menos de 20% com investimentos.
A cúpula das Forças Armadas no Brasil reconhece que os 5% com investimentos é pouco, mas defende orçamento maior, como um piso de 2% do PIB, em vez reformas de pessoal.
EM NÚMEROS
Exército: 212 mil militares na ativa
Marinha: 75,4 mil militares na ativa
Aeronáutica: 67,6 mil militares na ativa
DÉFICIT
Para garantir os salários dos aposentados no Brasil, o Tesouro Nacional precisa financiar uma parte, já que as contribuições não dão conta sozinhas.
↳ No sistema privado, gerido pelo INSS, o aporte anual é de R$ 9,4 mil por pessoa. Já para os servidores públicos é de R$ 69 mil.
↳ No caso das Forças Armadas, o aporte chega a R$ 159 mil por militar.
NA META
As distorções voltaram à tona com a necessidade de controle nos gastos públicos. Para cumprir a lei, o governo precisa fechar as contas deste ano e dos próximos sem déficit. Expliquei as manobras feitas pelo ministro Fernando Haddad nesta edição.
Aliados do Governo Lula defendem ajustes no sistema previdenciários dos militares, mas o tema é sensível para o presidente da República, que tem pouco apoio no segmento.
NA MIRA
Para fechar as contas este ano, R$ 15 bilhões foram congelados. No entanto, ainda não foi definida a contribuição de cada ministério. O ministro da Defesa encontrou o ministro Haddad na última semana para defender a manutenção do orçamento militar. Ele disse estar “otimista”.
**NOVOS TEMPOS**
Muita coisa mudou desde que as Olimpíadas foram transmitidas pela primeira vez na televisão, em 1936, em Berlim, Alemanha.
Na época, apenas 160 mil pessoas puderam sintonizar os aparelhos, e os direitos de transmissão tinham valores irrisórios, cerca de US$ 40 mil (R$ 226 mil) atualizados.
CORTA PARA 2024
Os Jogos Olímpicos de Paris alcançam mais de 3 bilhões de pessoas, e os organizadores cobraram US$ 3,3 bilhões (R$ 18,6 bilhões) pelo direito de transmissão.
↳ Eles foram pagos não só por canais tradicionais, mas também por streamings e canais digitais, incluindo os de influenciadores. O cenário hoje é o de pulverização.
NOVOS TEMPOS
Com a força da Internet, a TV a cabo perde lugar. Nos Estados Unidos, o streaming representa 40% do tempo assistido em um aparelho de TV. Pela primeira vez em décadas, a maioria dos lares não assina algum pacote.
Uma das razões pelas quais consumidores ainda permanecem com as assinaturas é o esporte. ESPN, Fox Sports, Combate e SporTV seguem como gigantes em seus mercados.
↳ Esporte e mídia dependem um do outro. Todo o setor esportivo, desde o Comitê Olímpico Internacional a e-sports, faturou US$ 159 bilhões (R$ 898 bilhões) em 2024, segundo a consultoria Two Circles. 39% vem de direitos de transmissão.
↳ 93 dos 100 programas mais assistidos nos EUA em 2023 foram partidas de futebol americano.
Sim, mas apesar dessa força, a transmissão esportiva está se deslocando para a internet.
As movimentações nos Estados Unidos:
– A ESPN lançará em 2025 um streaming com o conteúdo antes reservado para a TV;
– O Amazon Prime exibe futebol americano, beisebol, hóquei no gelo. Em breve deverá exibir os jogos de basquete da NBA.
– A Apple adquiriu em 2022 os direitos exclusivos da MLS (Major League Soccer), principal liga de futebol dos Estados Unidos para o streaming Apple TV+.
– Até a Netflix, que resistiu durante anos a investir no esporte, exibirá um jogo de futebol americano ao vivo no próximo Natal.
E NO BRASIL?
Por aqui, os canais do Grupo Globo, como Combate e SporTV, têm streaming integrado à plataforma digital Globoplay. O que foge do tradicional neste ano é a transmissão dos Jogos Olímpico no canal de youtube CazéTV, do influencer Cazé.
Recentemente o canal transmitiu o Campeonato Paulista. O sucesso virou dor de cabeça para gigante Globo nestas Olimpíadas.
EFEITOS
Com o custo dos direitos esportivos em alta, os orçamentos para produção de conteúdo estão se deslocando.
↳ A consultoria MoffettNathanson estima que as empresas de entretenimento dedicarão 24% de seus gastos com conteúdo ao esporte neste ano nos Estados Unidos.
↳ Mais futebol pode significar menos filmes. A Netflix diz que comprar os direitos de um jogo custa tanto quanto fazer um filme de orçamento médio.
ATLETAS X TIMES
Outro novo paradigma é o interesse nos indivíduos, nos atletas. A Ampere Analysis concluiu que 41% dos jovens têm mais interesse em competidores individuais do que em times.
A tendência ganhou o nome até de “fã-clubes fluidos”, com jovens com pouca lealdade a times e seguindo seus ídolos aonde quer que eles forem.
Isso ajuda a explicar a ida do jogador premiado Messi para um time pequeno dos Estados Unidos, por exemplo, após negociações com a Apple.
Outras tendências são as apostas esportivas, regulamentadas em 2018 nos Estados Unidos e neste ano no Brasil.
**DE OLHO NA BOLSA**
Hapvida, cujas ações subiram 7,46%.
A operadora de planos de saúde Hapvida está entre as favoritas de analistas para o setor de saúde na Bolsa de Valores.
Expectativas para dados financeiros positivos levaram à forte alta da ação nos últimos pregões, e o movimento segue no radar dos investidores nesta segunda (29).
↳ As ações da Hapvida tiveram a maior alta na Bolsa na última semana: 7,46%. Nos últimos 30 dias, sobem 9%.
Relatórios recentes do Bradesco BBI, XP e Santander recomendaram a compra das ações da companhia.
POR QUE?
O ponto forte da empresa é a baixa sinistralidade (em outras palavras, despesas com a utilização dos planos de saúde), que sustenta as boas finanças.
A empresa foi colocada em xeque pelos investidores em janeiro, quando o Ministério Público iniciou uma investigação sobre suposto descumprimento de decisões judiciais.
A COMPANHIA
A Hapvida foi fundada na região Nordeste, mas hoje tem presença nacional. Em 2022, anunciou uma fusão com a NotreDame Intermédica. São 15,8 milhões de clientes, entre coberturas médicas e odontológicas.
A receita no primeiro trimestre de 2024 foi de R$ 6,9 bilhões (alta anual de 3,9%).
Os custos com sinistralidade caíram de 72% para 68% da receita no período.
**O QUE MAIS VOCÊ PRECISA SABER**
LOJAS AMERICANAS
Americanas conclui parte do pagamento a credores. Varejista comunicou que quem aderiu à Opção de Reestruturação II já recebeu ações, bônus de subscrição e debêntures da empresa.
GOVERNO LULA
Uso de estatal para turbinar compra de casa própria trava em impasse jurídico. Compra de carteira de crédito imobiliário dos bancos pode gerar prejuízo à Emgea e punição aos gestores.
MERCADO
Demanda por laticínios de búfala impulsiona crescimento da pecuária de bubalinos. Em algumas regiões do interior paulista, como o Vale do Ribeira, setor cresceu 20% na última década.
JUROS
Copom deve manter Selic em 10,5%, mas endurecer tom, dizem economistas. Piora do câmbio e incertezas fiscais podem gerar sinalizações de alta no juro em decisões futuras.
VICTOR SENA / Folhapress