IA não vai mudar nossas vidas, diz cofundador da Apple

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A despeito de toda a comoção causada pela inteligência artificial nos últimos meses, o confundador da Apple, Steve Wozniak, não vê o potencial dessa tecnologia com o mesmo entusiasmo.

“As pessoas pensam que [a inteligência artificial] é como a inteligência de uma pessoa, que pensa da mesma forma que o cérebro. Esqueçam essa ideia. A inteligência artificial não é como a inteligência humana de forma alguma”, afirmou Wozniak neste sábado (2), durante participação em evento promovido pela XP em São Paulo.

Os sistemas de inteligência artificial são treinados para fazerem pesquisas de uma infinidade de dados em uma velocidade muito acima do que o ser humano é capaz para apresentá-los de uma forma organizada, mas não tem a mesma capacidade de raciocínio ou mesmo de replicar a emoção intrínseca aos humanos, defendeu o executivo.

“Não sabemos realmente como funciona um cérebro”, disse o cofundador da Apple.

Um aplicativo para auxiliar os motoristas a dirigir pela cidade, exemplificou, muitas vezes não tem a capacidade de identificar um evento inesperado, como um desvio de última hora na rota previamente estabelecida.

Ele citou ainda o ChatGPT e o comparou a um jornalista que levanta uma série de informações importantes durante o trabalho de apuração.

Apesar de se tratar de um trabalho importante realizado pelo repórter de campo, ainda é preciso de um editor para filtrar o melhor conteúdo, e o mesmo vale para o ChatGPT, que precisa passar por uma verificação humana dos dados apresentados, disse o cofundador da Apple.

“O ChatGPT pode pegar diversas informações na internet e formatar em uma linguagem correta que soa superinteligente, mas como saber se as informações estão certas ou erradas, ou o que é relevante para a audiência?”, questionou Wozniak.

O executivo fez menção a casos públicos de profissionais da área de direito que se valeram de informações geradas pelo programa de computador em casos nos quais estavam trabalhando sem se certificar se elas eram confiáveis e acabaram tendo problemas quando se provaram falsas.

“A inteligência artificial vai mudar nossa vida completamente? Não”, disse, acrescentando que na época da explosão da internet no início dos anos 2000, muito se falou de como a vida seria modificada pela nova tecnologia, para alguns anos depois uma série de novas empresas de tecnologia quebrar.

Ele recordou ainda do caso de computadores que venciam jogadores consagrados de xadrez algumas décadas atrás. “Isso é inteligência? Não, são apenas algoritmos e fórmulas.”

A inteligência artificial é apenas o termo que está na moda atualmente, disse um cético Wozniak, que alertou, no entanto, que a tecnologia é uma nova arma na mão de bandidos em busca de dados de internautas para cometer crimes cibernéticos.

LUCAS BOMBANA / Folhapress

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