Ilhas de calor em SP têm diferença de até 4°C na média de temperatura, diz estudo

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Fenômeno urbano já conhecido por cientistas e sentido pela população, as ilhas de calor atingem diferentes intensidades em locais da capital e da Grande São Paulo, com diferenças médias de temperatura que podem chegar a 4°C na comparação com áreas predominantemente rurais na cidade.

Essa variação é mais acentuada entre os grupos de distritos altamente urbanizados, como Tucuruvi e Pinheiros, e os que ficam em zonas rurais, como Capela do Socorro, na zona sul paulistana, e Riacho Grande, em São Bernardo do Campo.

É o que aponta estudo publicado nesta sexta-feira (1º) na Revista Brasileira de Meteorologia, que analisou dez anos de dados das 30 estações meteorológicas do CGE (Centro de Gerenciamento de Emergências Climáticas) da Prefeitura de São Paulo —de janeiro de 2009 a fevereiro de 2019— para observar os efeitos das ilhas de calor urbanas.

A análise considera informações de temperatura, umidade relativa do ar e precipitação num raio de 500 metros em torno de cada estação e dados de uso do solo da Secretaria do Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística do Estado de São Paulo (Semil). A referência para calcular as diferenças médias de temperatura é a estação de Parelheiros.

Os distritos foram organizados em quatro grupos. O A, que abrange 15 deles, de todas as regiões da cidade, como Freguesia do Ó, Mooca, Butantã, Lapa, Vila Formosa e Jabaquara, é o mais suscetível às diferenças de temperatura causadas pelas ilhas de calor, com as maiores médias de temperatura registradas no período, que variam de 20°C a 21°C.

Os distritos mais quentes também apresentam, segundo o estudo, a menor concentração de áreas verdes urbanas. As ilhas de calor são caracterizadas pela absorção da energia solar, que mantém o tempo quente à noite.

Já o grupo B, com Perus, Santana do Parnaíba (na Grande São Paulo), Itaquera, Itaim Paulista, Ipiranga, Vila Maria, Cidade Ademar e Campo Limpo, é caracterizado, além do calor, pela alta presença de edificações (superior a 75%) residenciais ou comerciais e de serviços, e uma menor variação climática.

O tempo muda mais nos distritos do grupo C —Santo Amaro, M’Boi Mirim, Mauá (na Grande São Paulo), São Mateus, São Miguel Paulista— chegando a desvios de até 3,8°C na média de temperatura. Por último, Capela do Socorro, na zona sul, e Riacho Grande (em São Bernardo do Campo), têm maior umidade relativa, mais volume de chuva e menor variação de temperatura, com média abaixo dos 19°C, já que ficam próximas da zona rural.

Os achados do estudo dão base para decisões de planejamento urbano e de ocupação e uso do solo, segundo Pedro Luis de Almeida, mestre em sustentabilidade na USP e autor da análise junto com Flávia Ribeiro, professora do curso de gestão ambiental na mesma universidade.

“A ilha de calor não é causada por mudanças climáticas, mas pode ser agravada por elas. São questões que parecem óbvias, mas entram nesse debate a arborização urbana, mais espaço verde no meio urbano e o uso de materiais mais reflexivos [na construção civil]”, diz Almeida.

Embora sejam constantes, os efeitos das ilhas de calor também mudam de acordo com as estações do ano. A primavera concentrou os aumentos médios na diferença de temperatura, com pico no período entre 15h e 20h. O outono, por outro lado, registrou os menores aumentos .

LUCAS LACERDA / Folhapress

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