Imagem de palestina abraçada a menina morta ganha prêmio de foto do ano

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A fotografia de uma mulher palestina abraçando o corpo de uma menina morta em um bombardeio atribuído a Israel na Faixa de Gaza venceu nesta quinta-feira (18) o World Press Photo, a mais prestigiosa premiação de fotojornalismo do mundo, na categoria foto do ano.

A imagem premiada é do fotógrafo Mohammed Salem, da agência de notícias Reuters, e mostra Inas Abu Maamar, 36, entrelaçada com o corpo da sobrinha Saly, 5, que morreu junto com a mãe, a irmã e outros familiares em um ataque com míssil na cidade de Khan Yunis, em outubro passado. A ofensiva destruiu a casa em que elas estavam.

O registro foi feito no hospital Nasser, no dia 17 de outubro —dez dias, portanto, após o início da guerra entre Israel e Hamas. O fotógrafo foi ao necrotério da unidade e viu a mulher chorando e agarrada ao pequeno corpo da menina, que estava enrolado em um pano branco.

“Foi um momento forte e triste. Senti que a imagem resumia de forma geral o que estava acontecendo na Faixa de Gaza”, afirmou Salem, segundo o comunicado do World Press Photo.

Fiona Shields, presidente do júri, disse que a fotografia é “profundamente chocante”. “Depois que você a vê, [a imagem] fica na sua mente.”

Quase 34 mil palestinos já foram mortos desde o início da guerra na Faixa de Gaza, segundo o Ministério da Saúde local, controlado pelo Hamas. Após seis meses de conflito, as forças israelenses continuam bombardeando o território palestino, a despeito de pressão da comunidade internacional pelo estabelecimento de uma trégua.

Sob cerco, a população em Gaza vive crise humanitária. Na terça-feira (16), o escritório de direitos humanos da ONU disse que Tel Aviv continua a impor restrições ilegais à ajuda humanitária ao território e declarou que o auxílio ainda está muito abaixo dos níveis mínimos.

Israel tem avaliado nos últimos meses iniciar uma operação em larga escala na cidade de Rafah, onde está metade dos 2,3 milhões de habitantes de Gaza e único grande centro urbano que Tel Aviv não invadiu por terra. Segundo autoridades israelenses, a ação é necessária para eliminar redutos Hamas. Para o escritório de direitos humanos da ONU, porém, a invasão “resultaria em uma perda massiva de vidas”.

No World Press Photo, o fotógrafo venezuelano Alejandro Cegarra venceu a categoria longo prazo com imagens monocromáticas de migrantes e solicitantes de refúgio que tentam cruzar a fronteira do México com os Estados Unidos. Segundo o júri, o profissional “fornece uma perspectiva sensível e centrada no ser humano”, além de enfatizar a resistência dessas pessoas.

Já a sul-africana Lee-Ann Olwage ganhou o prêmio história do ano com um retrato íntimo de uma família de Madagascar que vive com um parente idoso diagnosticado com demência.

O trabalho de fotógrafos da Folha também foi destacado. A imagem captada pelo fotógrafo Lalo de Almeida durante a seca extrema que atingiu a Amazônia ocidental ano passado foi vencedora regional (América do Sul) da categoria foto única.

O World Press Photo também reconheceu o trabalho da fotojornalista da Folha Gabriela Biló, que registrou desde a derrota de Jair Bolsonaro em outubro de 2022 até os atos golpistas em Brasília no dia 8 de janeiro de 2023. Com as imagens da desolação dos apoiadores do ex-presidente após o anúncio da apuração e cenas dos ataques à praça dos Três Poderes, ela recebeu menção honrosa.

As imagens premiadas em 2024 foram selecionadas entre 61.062 documentos enviados por 3.851 fotógrafos de 130 países.

Redação / Folhapress

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