Impacto da Reforma Tributária na Bolsa e o que importa no mercado nesta segunda

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) –

O IMPACTO DA REFORMA NO MERCADO

A aprovação da Reforma Tributária na Câmara que atraiu a atenção do mundo político e econômico também foi acompanhada de perto pelos agentes financeiros.

A avaliação é de que o avanço da proposta que estava travada há 30 anos deve ser analisada de duas maneiras:

– No curto prazo, significa uma melhora do ambiente econômico e cai como um colírio para os olhos do investidor estrangeiro. O primeiro impacto apareceu na queda das taxas de juros futuros, que é boa notícia para os ativos da Bolsa.

– Quando se trata do efeito da mudança dos tributos nas empresas, algo que deve começar em 2026 e acabar só em 2033, as casas buscam prever os setores que devem ganhar e os que devem perder com a Reforma.

Analistas do Goldman Sachs identificam as empresas de serviços como possíveis pressionadas a aumentar os preços para compensar os maiores impostos, com consequente redução da demanda.

Os segmentos mais tributados do setor industrial, por outro lado, devem observar uma queda na carga tributária.

Também fazem parte dessa categoria empresas produtoras de itens que terão alíquota zerada na cesta básica e de serviços que terão alíquota reduzida, como de saúde e educação, por exemplo.

Outro setor que deve ser beneficiado é o imobiliário, afirma o colunista Marcos de Vasconcellos.

Para depois: com a eventual aprovação da atual proposta que altera os tributos sobre consumo, o governo pretende votar ainda neste ano a segunda fase da Reforma, relativa ao Imposto de Renda (IR).

Essa deve atrair mais atenção do mercado financeiro, por poder alterar a tributação sobre itens como dividendos, juros sobre capital próprio (JCP) etc.

Mais sobre investimentos

Entenda por que a Bolsa do Japão subiu 27,2% no primeiro semestre e saiba as opções para o brasileiro se expor a esse mercado.

O DIABO MORA NAS EXCEÇÕES

Passada a votação da Reforma Tributária que durou até a madrugada de sexta (7) na Câmara, os especialistas se debruçaram sobre o texto do relator, deputado Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), e identificaram novas exceções no texto para cumprir acordos em busca de votos.

As concessões beneficiaram segmentos como agronegócio, serviços de hotelaria, parques de diversão e parques temáticos, restaurantes, aviação regional, atividades desportivas —o que inclui clubes de futebol.

O deputado também ampliou a imunidade tributária de entidades religiosas e criou um fundo para bancar incentivos à Zona Franca de Manaus.

Para o relator, os acordos de última hora não comprometem o espírito da Reforma.

Sim, mas… O secretário extraordinário da Reforma Tributária do Ministério da Fazenda, Bernard Appy, afirmou à Folha que quanto maior o número de exceções, maior será a alíquota do novo IVA (Imposto sobre Valor Agregado, tributo central do modelo).

A preocupação é compartilhada por economistas ouvidos pela Folha, que afirmaram que caberá ao Senado fazer ajustes no texto em relação às exceções.

Mesmo entre os especialistas que questionam os puxadinhos, há quem defenda que a aprovação é um marco histórico, e os avanços na unificação de impostos e simplificação do sistema devem ter efeito positivo na produtividade do país.

Entre os empresários, o clima é de maior otimismo, ainda que o impacto da Reforma deva aparecer com mais força no médio e longo prazo, disseram executivos de grandes empresas.

Próximo passo: a bola agora está com o Senado. A ideia é ter na Casa uma discussão em ritmo diferente à que foi feita na Câmara.

Entre as primeiras medidas sobre a proposta, os senadores pretendem pedir estimativas de impacto e analisar o saldo para estados e municípios.

Mais sobre a Reforma:

– Veja de onde vêm e para onde vão os impostos brasileiros, que a PEC quer mudar.

– Reforma Tributária me oferece muleta após amputar perna, afirma Ronaldo Caiado (União Brasil), governador de Goiás.

**STARTUP DA SEMANA: TURBI**

O quadro traz às segundas o raio-x de uma startup que anunciou uma captação recentemente.

A startup: fundada em 2016, a Turbi trabalha com aluguel de carros automáticos de forma 100% digital. Os veículos ficam em estacionamentos da grande São Paulo e são desbloqueados pelo consumidor pelo app no celular.

Em números: a startup anunciou ter levantado uma rodada de dívida de R$ 80 milhões para expandir sua frota de automóveis.

Quem investiu: o aporte foi feito por meio de um FDIC (fundo de direito creditório, entenda aqui) desenhado pela EXT Capital (gestora criada dentro da DOMO Invest).

Também aportaram no fundo Solis, Jive, Daycoval, TMF e Oliveira Trust.

Que problema resolve: os carros da Turbi podem ser alugados mês a mês e também por hora, dia ou semana. O valor fica menor conforme aumenta o tempo de empréstimo.

Após a análise do cadastro, que pode levar até sete dias úteis, o motorista pode encontrar o carro mais próximo de sua localização e agendar uma retirada ou usá-lo na hora.

O veículo deve ser devolvido com pelo menos um quarto do tanque cheio, mas a startup garante o valor do abastecimento do combustível.

Por que é destaque: além de ter sido um dos maiores investimentos anunciados na última semana, é uma prova de que rodadas de dívidas seguem sendo uma alternativa para startups buscarem financiamento em um tempo de vacas magras no mercado.

A Turbi diz que usará 90% do dinheiro levantado para comprar carros, e aumentar a atual frota de 3.700 veículos para 5.000.

**NÚMEROS DO MERCADO**

Em uma reversão aos últimos meses de queda, junho foi o segundo melhor período do ano de investimentos em startups da América Latina.

Foram US$ 441 milhões (R$ 2,1 bilhões) captados em 84 rodadas, abaixo apenas de janeiro (US$ 740 milhões), e uma alta de 68% em relação a maio. O avanço no Brasil, porém, foi menor (18% ante maio), e o país ficou atrás da Colômbia em volume captado no mês.

**O PREJUÍZO DE BRADY E GISELE COM A FTX**

O colapso da corretora cripto FTX, que no auge foi a segunda maior do mundo em volume negociado, não apenas afetou a credibilidade das celebridades que emprestaram sua imagem à marca na época da bonança.

Nos volumosos acordos de patrocínio, essas estrelas receberam uma parte do valor em ações da FTX, que acabariam virando pó com a derrocada.

Foi o que aconteceu com o ex-casal Tom Brady e Gisele Bündchen, segundo o New York Times. O ex-jogador de futebol americano e a modelo tiveram prejuízo de US$ 48 milhões (R$ 232 milhões) com os papéis da corretora, de acordo com o jornal.

Relembre: o período de bonança das criptomoedas veio em 2021. Foi naquele ano que Brady e Bündchen fecharam um acordo com o então CEO da FTX, Sam Bankman-Fried – que hoje está preso.

Eles também estrelaram uma campanha publicitária de US$ 20 milhões para a FTX no horário comercial mais concorrido do mundo, o Super Bowl (final da NFL, liga de futebol americano).

Foi esse apoio público que motivou processos de um grupo de clientes da FTX, que buscam indenização do ex-casal e outras celebridades que endossaram a corretora.

Tudo começou a vir abaixo em 2022, quando uma crise de liquidez escancarou o que as autoridades americanas chamam de fraudes bilionárias arquitetadas por Bankman-Fried.

Não foi só o ex-casal. Nos tempos do boom, Paris Hilton, Snoop Dogg, Reese Witherspoon e Matt Damon se entusiasmaram ou investiram em projetos cripto, trazendo um público comum para o mundo instável das moedas digitais.

A cantora Taylor Swift, que está em turnê, chegou a acertar um acordo de US$ 100 milhões com a FTX após meses de negociações. O acerto, porém, foi desfeito por Bankman-Fried na última hora, relata o New York Times.

Procurados pelo jornal americano, os representantes das celebridades citadas se recusaram a comentar o assunto.

ARTUR BÚRIGO / Folhapress

COMPARTILHAR:

Participe do grupo e receba as principais notícias de Campinas e região na palma da sua mão.

Ao entrar você está ciente e de acordo com os termos de uso e privacidade do WhatsApp.

NOTÍCIAS RELACIONADAS