Incêndios nos arredores de Atenas destroem florestas e forçam saída de moradores

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A Grécia enfrenta nesta semana incêndios florestais em regiões próximas à capital, Atenas, onde centenas de bombeiros tentam conter as chamas pelo terceiro dia consecutivo.

A situação ainda deve se agravar já que a Europa se preparam para uma forte onda de calor nos próximos dias. Segundo o ministro de Crise Climática e Proteção Civil grego, Vassilis Kikilias, há uma “enorme batalha” contra as chamas no oeste de Atenas e na ilha turística de Rodes. Os incêndios geraram pedidos de retirada da população de suas casas.

Bombeiros de todo o país, apoiados por equipes da Romênia, Polônia e Eslováquia, foram mobilizados para ajudar no combate às chamas, e quatro aeronaves de Itália e França juntaram-se aos esforços. Bombardeiros aéreos de água realizaram operações sobre as cidades de Mandra, a oeste de Atenas, e Loutraki, perto do canal de Corinto que separa a Grécia continental do Peloponeso.

Autoridades sugeriram a retirada de três áreas, dizendo aos moradores que se dirigissem à cidade de Megara, a 40 km de Atenas. Apesar das ordens, alguns se recusaram a abandonar suas moradias. “Não vou sair. Comecei a construir esta casa quando tinha 27 anos. Vou ficar aqui, nem que seja para vê-la em chamas”, disse à agência AFP Dimitris Michaelous, em Pournari, ao noroeste da capital.

O quadro ainda deve se complicar diante da previsão de uma nova onda de calor a partir desta quinta (20), com temperaturas que devem atingir 44ºC na sexta (21) e no sábado (22) e fortes ventos que espalham as chamas. “As condições meteorológicas são difíceis”, disse Kikilias.

E o cenário de intenso calor não se restringe à Grécia.

A Itália, assim como boa parte do sudeste da Europa, enfrenta nesta semana seus dias mais quentes do ano. Autoridades locais colocaram 20 cidades em alerta vermelho. O termômetro atingiu 40°C em Roma, pouco abaixo do recorde local de 40,5°C, registrado em agosto de 2007.

O fenômeno atinge também a Espanha, onde a temperatura chegou a 45,3°C em Figueres, na Catalunha -cidades do interior e das ilhas Baleares continuam em estado de alerta. O país também enfrenta incêndios nas ilhas Canárias.

“Não é possível ficar na rua, é horrível”, disse Lidia Rodríguez, 29, moradora de Sevilha, durante uma visita a Madri. “Estou acostumada com o calor, mas é sufocante.”

O atual recorde de temperatura para a Europa continental foi registrado em 2021, quando a Sicília marcou 48,8° C. A OMM, braço da ONU para o clima, porém, considera que essa marca pode ser superada nesta semana.

A situação também é preocupante em outros continentes. Dos EUA a China, autoridades recomendam medidas de proteção aos moradores de milhares de cidades para evitar o sol e se hidratar.

Pequim registrou 27 dias consecutivos de temperaturas superiores a 35°C, um recorde. “Ao meio-dia, sinto como se o sol queimasse as minhas pernas”, disse Qiu Yichong, 22, um estudante, à AFP.

Nos EUA, os serviços meteorológicos falaram sobre uma onda de calor “opressiva” no sul do país e anunciaram previsões de temperaturas recordes. Os incêndios na Califórnia provocaram a fuga de vários moradores, e apenas o foco mais intenso queimou 3.200 hectares.

O Canadá também luta contra o fogo, com 885 incêndios ativos, incluindo 566 fora de controle. Dois bombeiros morreram.

As Nações Unidas pediram ao mundo que se prepare para “ondas de calor mais intensas” e fizeram um apelo para que cada pessoa elabore o próprio “plano de luta” para enfrentar as temperaturas extremas.

Uma onda de calor é quando temperaturas extremas persistem por vários dias consecutivos na mesma região, frequentemente associadas a alta umidade, forte irradiação solar e ausência de ventilação. Outra característica é que as noites continuam quentes, dificultando a recuperação natural do corpo e aumentando riscos de morte.

Estudo divulgado no começo deste mês na revista Nature Medicine calculou que mais de 61 mil pessoas morreram durante o verão de 2022 na Europa devido a causas relacionadas ao calor. A Itália, com 18 mil vítimas, foi o país mais afetado, seguido pela Espanha (11 mil).

Redação / Folhapress

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