RÁDIO AO VIVO
Botão TV AO VIVO TV AO VIVO
Botão TV AO VIVO TV AO VIVO Ícone TV
RÁDIO AO VIVO Ícone Rádio

Incerteza do Copom atinge maior nível desde Guerra da Ucrânia e pandemia, mostra estudo

BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O índice de incerteza do Copom (Comitê de Política Monetária) atingiu o maior nível desde agosto de 2022, período marcado pelo aumento da tensão na Guerra da Ucrânia e pela terceira onda da pandemia de Covid, causada pela variante ômicron. O dado faz parte de um levantamento elaborado pelo economista Bruno Imaizumi, da LCA 4intelligence.

A economia internacional, que passa por um momento de maior volatilidade desde o início da guerra comercial pelos Estados Unidos, foi o tema de maior impacto sobre o comportamento do indicador, seguido por política monetária, inflação, questão fiscal e atividade econômica.

A análise considera informações de 70 reuniões do Copom, desde julho de 2016. Na construção do índice, o pesquisador utilizou ferramentas de processamento de linguagem natural -ramo da inteligência artificial que permite fazer análise de texto e imagem- para capturar a incerteza expressa pelo Banco Central ao redigir os comunicados dos encontros.

Na abertura dos dados, a incerteza em relação ao ambiente externo ficou no patamar mais alto da série histórica, iniciada em 2016 -superando até mesmo o auge da pandemia.

“A incerteza é maior dessa vez porque todas as ações de políticas tarifárias acabam dependendo da decisão de pouquíssimas pessoas. Fica muito mais incerto entender como pensa a cabeça de Donald Trump, um cara super populista”, diz Imaizumi.

“É preocupante porque a gente está falando de uma das maiores economias globais. Muito mais perigoso do que ter um populista em um país emergente é ter um populista que tem uma economia muito forte em suas mãos. A incerteza acaba se elevando”, acrescenta.

No comunicado da última reunião, na quarta (7), o Copom disse que a política comercial dos Estados Unidos “alimenta incertezas sobre a economia global”, sobretudo no que diz respeito ao grau de desaceleração econômica e ao efeito heterogêneo sobre a inflação de diversos países -o que traz consequências para a condução da política de juros.

O comitê elevou a taxa básica Selic em 0,5 ponto percentual, de 14,25% para 14,75% ao ano. Com a decisão, os juros foram alçados ao maior nível em quase 20 anos.

O colegiado do BC cumpriu o plano traçado no encontro anterior, em março, e desacelerou o ritmo de alta da Selic após três aumentos consecutivos de um ponto percentual. Dessa vez, optou por deixar seus próximos passos em aberto, falando em flexibilidade e cautela diante do cenário de “elevada incerteza”.

A retirada do “forward guidance” (sinalização futura) abriu um debate no mercado financeiro sobre o fim do ciclo de alta de juros. Para uma parcela dos economistas, o Copom deu sinais de que fez seu último movimento neste encontro. Outra fatia, por sua vez, aposta em um ajuste residual em junho, de 0,25 ponto percentual, o que levaria a Selic a 15% ao ano.

Ao analisar o ambiente doméstico, o comitê ressaltou o dinamismo da atividade econômica e do mercado de trabalho, mas disse observar uma “incipiente” moderação no crescimento.

As dúvidas sobre a desaceleração da economia brasileira não foram captadas pelo indicador de incerteza na análise do último comunicado -o item ficou zerado.

“O Banco Central usou uma sentença para falar de atividade e não teve uma identificação pelo algoritmo de palavras relacionadas à incerteza, mas possivelmente na ata a gente vai ter incerteza [em relação] à atividade”, diz o economista da LCA.

Imaizumi ressalta que, no comunicado, a autoridade monetária mostra maior preocupação com a incerteza provocada pela questão fiscal do que pela atividade econômica.

“A política fiscal nos últimos anos tem sido muito expansionista. Isso estimula a atividade e, consequentemente, traz mais ineficácia para a política monetária. Então, boa parte dessa economia bombando nos últimos três anos, seja em 2022 com [Jair] Bolsonaro e em 2023 e 2024 com Lula, vem desse populismo fiscal”, afirma o pesquisador.

A ata do Copom será divulgada na próxima terça-feira (13), quando serão detalhadas as discussões que subsidiaram a decisão sobre o patamar da Selic. Segundo o pesquisador, como o documento é mais extenso, a incerteza fica mais diluída nos variados temas.

NATHALIA GARCIA / Folhapress

COMPARTILHAR:

Participe do grupo e receba as principais notícias de Campinas e região na palma da sua mão.

Ao entrar você está ciente e de acordo com os termos de uso e privacidade do WhatsApp.

NOTÍCIAS RELACIONADAS