Indígenas protestam em Brasília e cobram fortalecimento de ministério e Funai

BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – Os movimentos indígenas mobilizados no Acampamento Terra Livre (ATL), em Brasília, voltaram a protestar nas ruas da capital federal nesta quinta-feira (25). Com foco na pauta das demarcações de terras, os manifestantes cobraram o fortalecimento do Ministério dos Povos Indígenas (MPI) e da Funai (Fundação Nacional dos Povos Indígenas).

Esta foi a segunda marcha do evento. A caminhada saiu do Eixo Cultural Ibero-americano, antiga Funarte, percorreu a Esplanada dos Ministérios e se concentrou em frente ao Palácio do Planalto. Os manifestantes exibiram cartazes e ecoaram cânticos acompanhados do som dos maracás.

O coordenador da Apib (Articulação dos Povos Indígenas do Brasil), Kleber Karipuna discursou em um caminhão de som e citou a criação do MPI e a indicação da Joenia Wapichana à presidência da Funai como conquistas do movimento indígena. Ele afirmou, contudo, que ambas as instituições precisam de mais autonomia para garantir direitos.

“Quero dizer ao presidente Lula que para fortalecer o nosso MPI e a Funai, garantindo um orçamento necessário, porque só assim conseguiremos implementar, na íntegra, a demanda da política indigenista do Estado brasileiro. Apenas criar um ministério não é o suficiente”, disse Karipuna à multidão.

Com o tema “O nosso marco é ancestral, sempre estivemos aqui”, em referência à tese do marco temporal, o ATL reuniu mais de 8.000 indígenas, no evento que representa a maior mobilização dos povos originários no país. A programação começou na segunda (22) e segue até esta sexta (26), e já no primeiro dia foi escrita uma carta em que exigem demarcações para diminuir a violência nos territórios.

Os atos acontecem em meio a uma insatisfação dos povos com o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que não foi convidado a participar do evento, diferentemente do que aconteceu nos últimos dois anos.

Antes da marcha, indígenas do povo avá-guarani invadiram nesta quinta-feira o escritório da usina binacional de Itaipu, em Brasília, para que seja assinada uma carta de compromisso da empresa com as reivindicações do movimento. Os indígenas cobram reparação histórica em razão das áreas alagadas de suas terras para o reservatório da usina.

Além das pautas de demarcação, outros assuntos ganharam destaque no protesto. A professora Danielle Munduruku cobrou mais assistência aos estudantes indígenas que saem dos territórios e passam dificuldades nos centros urbanos e sofrem preconceito. Vinda de Manaus, ela representa o Meiam (Movimento dos Estudantes Indígenas do Amazonas).

“Todos precisam entender que a busca por educação é um dos grandes fatores que tiram os indígenas de seus territórios. A educação não é uma mercadoria. Queremos uma educação que respeite as nossas tradições e os nossos saberes. Precisamos de valorização”, disse Munduruku.

JORGE ABREU E JOÃO GABRIEL / Folhapress

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