Inflação deve ficar dentro da meta em 2024, diz Haddad após alta no IPCA-15

WASHINGTON, EUA (FOLHAPRESS) – O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta quinta-feira (24) que a inflação do Brasil deve encerrar este ano dentro da meta do governo -de 3% ao ano, com tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos- e que a recente alta nos preços está ligada a fatores de curta duração, como a seca e a desvalorização do real.

Na manhã desta quinta, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgou que a inflação medida pelo IPCA-15 (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15) acelerou a 0,54% em outubro, após marcar 0,13% em setembro. No acumulado de 12 meses, o índice acelerou a 4,47%. A variação era de 4,12% até setembro.

“Embora os núcleos [da inflação, que desconsideram preços de energia e alimentos] tenham apontado uma variação superior à esperada, a inflação deve ficar dentro da meta. No meu ponto de vista, [a alta] tem mais a ver com a questão do câmbio e da seca do que propriamente com algum impulso maior nos preços reiterados”, disse Haddad em entrevista a jornalistas em Washington.

Em outubro, o preço da energia elétrica acelerou de 0,84% em setembro para 5,29% em outubro. A energia teve um impacto de 0,21 ponto percentual no IPCA-15, o maior em termos individuais.

A alta reflete a vigência da bandeira vermelha patamar 2 em outubro, que encarece as contas de luz porque acrescenta R$ 7,877 a cada 100 quilowatts-hora (kWh) consumidos. Essa é uma resposta do setor elétrico à seca extrema no Brasil.

O ministro também voltou a defender o arcabouço fiscal nesta quinta.

Em entrevista ao lado do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, Haddad afirmou que acredita nos parâmetros definidos pelo arcabouço e que não é necessário reformular as regras, mas mostrar que elas são críveis no médio e no longo prazo.

“É o fortalecimento de uma decisão que já foi tomada. É diferente de você fazer bloqueio de contingenciamento, que são momentâneos ali para fazer com que a lei aprovada pelo nosso governo seja respeitada. Nós estamos trabalhando em questões estruturais”, afirmou Haddad.

Já Campos Neto disse que o anúncio de medidas fiscais que deve ser feito pelo governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pode minimizar reações observadas no mercado relacionadas à preocupação com as contas públicas.

“A gente entende que vamos ter alguns anúncios no curto prazo que vão endereçar em parte essa reação do mercado em relação ao tema fiscal”, afirmou o presidente do BC.

Pressionada a ampliar o foco em medidas de corte de despesas em meio à desconfiança de analistas sobre a capacidade do governo de honrar seus compromissos fiscais, a equipe econômica prometeu apresentar a partir de novembro propostas para controlar gastos públicos.

O tema fiscal tem sido abordado de maneira recorrente pelo Banco Central como fator de influência na política monetária, com Campos Neto defendendo em declarações recentes que o Brasil precisará de um choque fiscal positivo se quiser conviver com juros mais baixos.

Pela manhã, Haddad teve uma reunião de cerca de 30 minutos com a agência de classificação de risco S&P, que no fim do ano passado elevou a nota de crédito soberano do Brasil. O ministro destacou que o encontro ocorreu pela iniciativa da própria agência e disse que apresentou aos executivos os cenários de médio e longo prazo para a economia brasileira.

“No momento em que as perspectivas das agências de risco não eram boas, a Moody’s melhorou [a nota de crédito], a S&P melhorou, a Fitch melhorou. Tudo isso é sempre dinâmico”, disse o ministro.

No mês passado, o presidente Lula já havia se reunido com a S&P e com a agência Moody’s, que aumentou a nota de crédito do Brasil dias depois.

LUCIANA ROSA / Folhapress

COMPARTILHAR:

Participe do grupo e receba as principais notícias de Campinas e região na palma da sua mão.

Ao entrar você está ciente e de acordo com os termos de uso e privacidade do WhatsApp.

NOTÍCIAS RELACIONADAS