‘Interferências não podem impedir reunião histórica da família’, diz Xi a ex-presidente taiwanês

PEQUIM, CHINA (FOLHAPRESS) – O líder chinês, Xi Jinping, e o ex-presidente taiwanês Ma Ying-jeou se encontraram nesta quarta-feira (10) em Pequim, num momento de tensão na relação entre a China e a ilha considerada uma província rebelde. Vídeos de Xi e Ma se cumprimentando sorridentes e conversando, antes e ao se sentarem para o encontro no Grande Salão do Povo, se espalharam pelas plataformas de mídia social na China e em Taiwan.

A agência de notícias Xinhua e a rede CCTV, ambas ligadas a Pequim, desta vez noticiaram com rapidez. Também os jornais de Taipé, capital de Taiwan.

“As pessoas dos dois lados do Estreito de Taiwan são todas chinesas”, falou Xi a Ma, segundo a Xinhua. “Não existem nós que não possam ser desatados, não há questões que não possam ser discutidas e nenhuma força que possa nos separar.”

Segundo a agência CNA, ligada a Taipé, Xi elogiou o “senhor Ma”, sem se referir a ele como ex-presidente, por defender o chamado “consenso de 1992”, quando os governantes dos dois lados na época teriam concordado ser “uma China”, e por promover o desenvolvimento pacífico das relações e trocas.

“Tenho grande estima por tudo isso”, falou Xi. Ele declarou que “interferências externas não podem impedir a reunião histórica da família e do país”.

Ma, de acordo com a CNA, agradeceu pela recepção à sua delegação, formada por 20 estudantes taiwaneses, que teriam aprofundado sua compreensão da cultura chinesa e mostrado que “o sangue é mais espesso do que a água”.

“O povo chinês passou por cem anos de humilhação”, falou ele. “Nos últimos 30 anos, através dos esforços do povo chinês de ambos os lados do estreito, foram dados passos, juntos, em direção à revitalização chinesa.”

“Embora tenham se desenvolvido sob sistemas diferentes, as pessoas de ambos os lados do estreito são descendentes dos imperadores Yan e Amarelo [figuras lendárias da formação chinesa] e devem trabalhar para a revitalização da China.”

Se acontecer uma guerra, as consequências seriam “insuportavelmente pesadas”, afirmou Ma, acrescentando que “o povo chinês de ambos os lados do estreito” tem sabedoria o bastante para lidar com as diferenças e evitar uma escalada.

Xi e Ma já haviam se encontrado em Singapura, em 2015, também entre sorrisos. Ma foi presidente de Taiwan até 2016, cumprindo dois mandatos de quatro anos. Ele atravessou os últimos dez dias em um giro por cidades da China, com os estudantes, defendendo o vínculo histórico e familiar da ilha com o continente

Seu partido, o tradicional Kuomintang (KMT), está na oposição há oito anos e acaba de perder a eleição para presidente, mas voltou a controlar o Legislativo da ilha. Durante a campanha, em entrevista, Ma defendeu que o governo taiwanês deveria negociar com Xi, no qual disse confiar.

A República Popular da China considera Taiwan parte do país e defende a reunificação, não descartando uso de força, enquanto o atual governo da República da China, nome da ilha, não aceita que os dois lados sejam “uma China”. A divisão ocorreu no final da guerra civil, em dezembro de 1949, após meio século de controle da ilha pelo Japão.

NELSON DE SÁ / Folhapress

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