SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Investidores que propõem transformar a Portuguesa em uma SAF (Sociedade Anônima do Futebol) fizeram uma apresentação na sede do clube, na noite de quarta-feira (6). Em reunião que teve a presença de dirigentes e cerca de cem torcedores, foi exibido o plano de ações previstas de 2025 a 2029.
Estavam presentes no Canindé o presidente da Portuguesa, Antônio Carlos Castanheira, e os sócios da Tauá Partners, empresa do setor financeiro que pretende assumir a SAF. Castanheira quer colocar o projeto para votação no Conselho Deliberativo em breve.
De acordo com a apresentação, o modelo desenhado para a Portuguesa prevê o investimento de R$ 263 milhões no departamento de futebol, com a meta de devolver a Portuguesa à Série A do Campeonato Brasileiro e às semifinais do Campeonato Paulista até 2029. O time hoje está na primeira divisão estadual, mas na quarta divisão nacional, a Série D.
O financiamento se dará por meio da XP Investimentos, e a maior parte do aporte, R$ 144 milhões, será destinada ao futebol profissional. Segundo a Tauá Partners, a meta, até o retorno à elite, é que o clube tenha a maior folha salarial das divisões de acesso.
“Chegando à Série A, não vou prometer que vai ter o orçamento do Palmeiras e do Flamengo, mas teremos um time competitivo”, afirmou Alexandre Bourgeois, um dos sócios da Tauá, que já atuou como CEO em times como São Paulo e Figueirense.
O projeto prevê a destinação de R$ 50 milhões para a compra de jogadores, com o foco em atletas promissores de até 23 anos, com potencial para ter destaque no clube e ser negociados com lucro para a SAF.
Há ainda R$ 44 milhões previstos para o futebol de base, R$ 18 milhões para a reforma do CT (Centro de Treinamento) e R$ 7 milhões para a montagem de um time feminino competitivo para a disputa do Campeonato Brasileiro.
Os investidores querem também remodelar o estádio Canindé, que, ao custo aproximado de R$ 500 milhões, viraria uma arena multiuso, nos moldes do Allianz Parque, do Palmeiras. A capacidade ficaria em torno de 30 mil espectadores para jogos e de 45 mil a 50 mil para shows.
O projeto prevê um edifício garagem ao lado da arena, com 2.500 vagas, e uma cobertura de 16 mil metros quadrados, para eventos como casamentos e festas de formatura. Caso aprovada, a reforma ficará a cargo da empresa Revee.
Pela proposta da SAF, os investidores assumirão as dívidas da Portuguesa. Em entrevista à Folha de S.Paulo no fim de março, o presidente do clube afirmou que as dívidas giravam em torno de R$ 500 milhões.
“É um momento que pode mudar o rumo da Portuguesa de Desportos, na minha visão, para os próximos cem anos”, disse Castanheira, durante a apresentação no Canindé. “São parceiros que estão dispostos a conduzir a Portuguesa para uma nova era, que é a era da profissionalização, que todos nós queremos.”
De acordo com o dirigente, o contrato e o estatuto da SAF estão em análise por especialistas contratados. “A gente espera que esse trabalho se finalize até sexta-feira [8] e que a gente possa estar neste mesmo palco aprovando a SAF da Portuguesa.”
Os sócios da Tauá cobraram celeridade na aprovação do projeto, tendo em vista o prazo necessário para a montagem do elenco para a disputa do Campeonato Paulista, que tem início previsto para 15 de janeiro.
Segundo os sócios da Tauá, com a SAF, a Portuguesa terá parcerias estratégicas com clubes da Europa, dos Estados Unidos e da América do Sul, como o Benfica, de Portugal, e a LDU, do Equador, para a transferência facilitada de jogadores.
Pelo modelo acordado, os investidores terão 80% da SAF, com os 20% restantes permanecendo com a Portuguesa.
LUCAS BOMBANA / Folhapress