Investidores da Americanas pedem indenizações que somam R$ 32 bilhões

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Investidores da Americanas pedem indenizações que somam R$ 32 bilhões. E explico na edição de hoje como impactos das chuvas do Rio Grande do Sul na economia começam a ficar evidentes e outras notícias do mercado para começar esta quarta-feira (8).

BRIGA DE R$ 32 BILHÕES

Um grupo de investidores que pede ressarcimentos de perdas com as Americanas chegou a um total de quanto deve ser a arbitragem contra a empresa: R$ 32 bilhões. O valor foi divulgado pelo Instituto Ibero-Americano da Empresa, que representa o grupo de cerca de 500 acionistas minoritários.

Em números: R$ 12 bilhões devem ser pagos diretamente aos investidores, R$ 20 bilhões restantes seriam pagos à empresa pelo trio de acionistas de referência, os bilionários Beto Sicupira, Marcel Telles e Jorge Paulo Lemann.

O pedido foi feito pelo grupo de investidores à Câmara de Arbitragem do Mercado da B3. A arbitragem é mais um capítulo no imbróglio da empresa, que começou a ser conhecido na virada de 2022 para 2023.

⏪ Recapitulando a crise em 4 pontos:

A Americanas SA, dona de diversas marcas como as Lojas Americanas, Submarino e Shoptime, revelou no início de 2023 que seus dados financeiros eram muito diferentes do estavam até então nas planilhas. A fraude contábil da gestão anterior, que usava um mecanismo para disfarçar dívidas com fornecedores, somava R$ 20 bilhões.

No espaço de pouco mais de um ano, a companhia entrou em recuperação judicial (entenda aqui), fechou mais de 100 lojas, demitiu funcionários e viu o valor de suas ações despencar.

Para resgatar a empresa, o trio de bilionários injetou R$ 12 bilhões na companhia para garantir caixa. A atual diretora-financeira disse até que o processo todo era de “terra arrasada”.

Credores da companhia –os “donos” de uma dívida de R$ 42,5 bilhões– aprovaram no fim de 2023 a proposta de recuperação, que prevê descontos e parcelamentos nos pagamentos. As dívidas trabalhistas já foram pagas e a empresa já começou a pagar fornecedores.

Como fica: a expectativa para os próximos meses é que a companhia seja menor, fechando ainda mais lojas. Também é esperada a venda das operação da rede Natural da Terral, da Único (donas da Puket e Imaginarium) e até da fintech Ame Digital.

ESTRAGOS TAMBÉM NA ECONOMIA

O estado do Rio Grande do Sul segue com a economia paralisada depois das chuvas que deixaram cidades inteiras alagadas e ao menos 95 mortos.

Na economia, alguns efeitos negativos já podem ser vistos. Listo sete pontos de atenção:

O Itaú estima que o faturamento das empresas gaúchas tenha caído 20%. Um levantamento da Abrasel (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes) mostra que praticamente todo o setor enfrenta algum desabastecimento no estado.

As ações na Bolsa de empresas com forte presença no Sul desvalorizaram no pregão de ontem; entre as mais afetadas estão as varejistas Loja Quero-Quero e Panvel, além do frigorífico BRF.

Há risco de inflação para a carne de porco e para o arroz no Brasil, ambos com forte produção no estado.

Os voos suspensos no aeroporto da capital só pioram a situação, pois reforçam o risco de desabastecimento e “retiram” Porto Alegre das rotas de negócios, turismo e comércio.

Linhas de montagem de carros da Stellantis e da GM foram afetadas e a produção interrompida no estado e na vizinha Argentina.

Para os trabalhadores do comércio, redução salarial e de jornada estão na pauta, além de férias coletivas.

Combustíveis enfrentam problemas de escoamento a partir da refinaria da Petrobras Alberto Pasqualini.

Apesar do impacto forte, o apoio financeiro anunciado pelo poder público deve aliviar os danos.

O governo vai pagar duas parcelas extras do seguro-desemprego a trabalhadores, o saque extraordinário do FGTS foi permitido e o prazo do pagamento de tributos por empresas adiado, assim como da entrega das declarações do Imposto de Renda.

↳ Se você mora no Rio Grande do Sul, veja aqui o que muda.

O reflexo na economia deve se estender nas próximas semanas, já que não há perspectiva de baixa rápida da água na cidade, mesmo sem novas chuvas.

10 MIL POUCOS PESOS

A inflação segue sem dar descanso na Argentina, o que levou o banco central do país a lançar uma nova cédula com valor de 10.000 pesos. Ela tem valor cinco vezes maior que a nota anterior, de 2.000 pesos, que passou a circular em maio de 2023.

Entenda: com inflação anual de 288%, os argentinos mantêm o costume de usar dinheiro em espécie. A alta de preços faz com que a população precise de mais e mais notas na carteira para comprar as mesmas coisas conforme o dinheiro vale menos.

↳ A nova cédula pode até ajudar no dia a dia, mas não valerá muito: cerca de R$ 55.

↳ Até o final do ano, o banco central do país lançará outra no valor de 20.000 pesos.

Homenagem: a nota de 10.000 tem estampada a imagem de María Remedios del Valle, “a mãe da pátria”, considerada figura central no processo de independência do país. A correspondente da Folha em Buenos Aires, Mayara Paixão, relata aqui quem foi a homenageada.

E a economia? Segue em grave crise no país, que registra restrição ao crédito externo, alta inflação que desvaloriza a moeda e um índice de pobreza que chega a 42% da população, segundo dados oficiais, ou 57%, segundo a Universidade Católica, que calcula o dado.

Nesse cenário, os cortes de gastos feitos pela “motoserra” do presidente Javier Milei foram elogiados pelo FMI (Fundo Monetário Internacional).

A inflação registrou o terceiro mês de desaceleração em março, quando o índice ficou em 11%;

Um arrocho nas contas garantiu o primeiro trimeste no azul em 16 anos

Quem também elogiou as perspectivas da Argentina foi o presidente da consultoria de risco político Eurasia, Ian Bremmer, que publicou um vídeo elogiando as ações do presidente.

Sim, mas… Agora Milei precisa convencer os senadores a dar aval para um pacote de medidas liberais. E ele tem apenas 7 dos 72 membros da Casa. Para aprovar uma medida do tipo, são necessários ao menos 37 votos.

DE iPHONE A ESMERALDAS

A Receita Federal vai realizar um leilão que promete. Não é sempre que um relógio inteligente e um iPhone XR estão em oferta por um lance mínimo de R$ 500. Ou até mesmo uma esmeralda bruta de 137 kg por R$ 115 milhões.

Os produtos oferecidos —que incluem desde bijuterias, passando por roupas, eletroeletrônicos, veículos e pedras preciosas— foram apreendidos ou abandonados em diversas cidades do estado de São Paulo.

Quando? O leilão vai funcionar entre as 8h do dia 23 e as 21h do dia 27 de maio.

No sistema, o cidadão escolhe o lote em que deseja dar lance e faz uma proposta. A partir de 28 de maio, é aberta a sessão, fase na qual é informado a todos o valor do melhor lance.

Os pré-requisitos:

É preciso ter mais de 18 anos —ou ser pessoa emancipada—, ter CPF e selo de confiabilidade prata ou ouro no Portal Gov.br.

Empresas interessadas devem ter o cadastro regular no CNPJ e também ter selo de confiabilidade prata ou ouro no Gov.br.

Fez a proposta e não pagou? Fica sujeito à multa de 20% sobre o preço mínimo do lote e ficará impedido de licitar e contratar com a gestão federal por até três anos.

VICTOR SENA / Folhapress

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