SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O ministro dos Negócios Estrangeiros do Irã minimizou neste sábado (20) o ataque atribuído a Israel contra o país na sexta-feira (19), e afirmou que Teerã só reagirá se os interesses iranianos forem atacados.
Na sexta, a imprensa estatal iraniana noticiou explosões durante a madrugada perto de uma base militar na zona de Isfahan, no centro do país, devido ao abate bem sucedido de pequenos drones pelo sistema de defesa antiaérea.
A mídia norte-americana afirmou, citando funcionários de alto escalão, que Israel respondeu desta forma a Teerã em retaliação à ofensiva com mísseis e drones da semana passada contra seu território.
“O que aconteceu ontem à noite não foi um ataque”, disse o ministro das Relações Exteriores do Irã, Hossein Amir Abdollahian, à NBC News na sexta. “Foi um voo de dois ou três quadrotores, como os brinquedos com que as nossas crianças se divertem no Irã.”
“Enquanto não houver novas aventuras do regime israelenses contra os interesses iranianos, não responderemos”, esclareceu o ministro. Mas “se o regime israelense pretende tomar outra ação contra os nossos interesses, a nossa próxima resposta será imediata e máxima”.
Ainda de acordo com ele, o ataque não causou vítimas nem provocou danos.
Israel não comentou o incidente de sexta e os analistas dizem que é do interesse de ambos os lados acalmar a situação, pelo menos por enquanto.
Também neste sábado, fontes de segurança afirmaram que um ataque aéreo contra uma base do Exército no Iraque causou uma explosão que matou um membro das Forças de Mobilização Popular do Iraque (PMF, em inglês ) e feriu outras oito pessoas na base militar de Kalso, cerca de 50 quilômetros ao sul de Bagdá.
Os militares iraquianos disseram que um comitê técnico investigava a causa da explosão na base, que teria acontecido na madrugada de sábado. Depois, informaram que o comando de defesa aérea confirmou que não havia nenhum drone ou caça no espaço aéreo da base militar antes e durante a explosão.
A PMF é uma organização guarda-chuva que contém várias milícias pró-Irã que fazem parte da rede de representantes que Teerã utiliza para promover os seus interesses em todo o Oriente Médio.
As explosões na região desencadearam uma onda de apelos internacionais à moderação, numa localidade sob tensão desde 7 de outubro devido à guerra em Gaza entre Israel e o movimento islâmico palestino Hamas, que é apoiado por Teerã.
No sábado (13) passado, o Irã disparou cerca de 300 drones e mísseis contra o território israelense, em retaliação por um bombardeio à embaixada iraniana na Síria que matou militares do país no início do mês. Por ora, Teerã vem minimizando o que seria uma resposta de Tel Aviv, em indicativo de que o regime não tem planos de uma nova retaliação.
Analistas dizem que o ataque desta sexta parece ter tido como alvo uma base da Força Aérea iraniana perto da cidade de Isfahan, na região central do país. O local escolhido, próximo de instalações nucleares, teria sido uma mensagem de Israel sobre o alcance de seu poderio militar, ainda que Tel Aviv não tenha usado aviões ou mísseis balísticos.
Israel não comentou os ataques atribuídos a Israel, e o secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, afirmou que Washington, maior aliado de Tel Aviv, não participou de “quaisquer operações ofensivas”.
Segundo o jornal americano The New York Times, uma autoridade americana disse que Israel notificou os EUA sobre o ataque. Publicamente, integrantes do governo Joe Biden não teriam comentado para evitar que Washington fosse arrastada ao conflito.
Líderes de países do golfo Pérsico também já haviam manifestado preocupação com a possibilidade de a situação se transformar em “uma grave conflagração regional que poderia estar além do controle ou da capacidade de contenção de qualquer pessoa”. A Arábia Saudita e os Emirados Árabes Unidos pediram publicamente o máximo de autocontenção para poupar a região de uma guerra mais ampla.
Redação / Folhapress