Israel anuncia morte de líder militar do Hamas; Irã e Hezbollah fazem ameaças

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Um dia depois do ataque que matou o líder do Hamas em Teerã, o governo de Israel anunciou nesta quinta (1º) a morte do chefe da ala militar do grupo terrorista da Faixa de Gaza. Mohammed Deif morreu, segundo o Estado judeu, em um bombardeio no mês passado.

“As Forças Armadas de Israel anunciam que, em 13 de julho de 2024, caças atacaram uma área de Khan Yunis e, após uma avaliação de inteligência, confirmou-se que Mohammed Deif foi eliminado no ataque”, disse o Exército. Dezenas de palestinos foram mortos na ação.

O Hamas não confirmou, nem negou, o anúncio, mas tudo aponta para a veracidade do episódio. Com isso, Tel Aviv aperta ainda mais o cerco sobre o grupo que lançou o maior ataque da história do país, em 7 de outubro do ano passado, levando à guerra atual.

O planejamento da ousada ação, que deixou 1.200 mortos e mais de 250 reféns, é atribuído a ele e a Yahya Sinwar, o chefe do Hamas em Gaza, que ainda está por lá. Haniyeh, por sua vez, vivia no exílio no Qatar desde 2019.

A divulgação também dobra a aposta contra a aliança de grupos anti-Israel centrada no Irã, palco da morte de Haniyeh —que, embora não tenha havido confirmação oficial, é amplamente atribuída ao Estado judeu. Discussões sobre a retaliação já estão em curso.

No funeral do líder do Hamas, o chefe supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, jurou vingança pela morte do aliado. O mesmo foi visto em Beirute durante o enterro do chefe operacional do grupo Hezbollah, bancado por Teerã e aliado do Hamas e outros, como os houthis do Iêmen.

“A resistência só pode responder. Isso é definitivo. Estamos procurando uma resposta real, não uma resposta figurada”, disse o líder do grupo libanês, o xeque Hassan Nasrallah, em frente ao caixão do comandante Fuad Shukr, morto por um ataque aéreo admitido por Israel na terça (30), horas antes de Haniyeh.

A cadeia de eventos coloca o risco de uma conflagração geral no Oriente Médio em seu ponto máximo desde abril, quando o Irã lançou drones e mísseis contra Israel devido ao assassinato de militares seus em Damasco, na Síria.

Nesse contexto, o anúncio atrasado da morte de Deif não é uma nota lateral. Além do papel no 7 de outubro, o terrorista foi responsável por dezenas de mortes em ataques ao longo de 30 anos contra Israel. Era visto como pai da rede de túneis que permite hoje ao Hamas ainda oferecer resistência ao Estado judeu, mesmo após 300 dias de combates em Gaza.

Ele era protegido de Yahya Ayyash, conhecido como “O Engenheiro”, um fabricante de bombas morto quando Israel plantou explosivos em seu celular, em 1996. Perdeu uma perna e um braço num bombardeio há 20 anos, o que elevou sua condição mítica entre os membros do Hamas.

Os detalhes acerca de sua vida pessoal são escassos. Os serviços de inteligência de Isarel dizem que ele nasceu na década de 1960 em Khan Younis, e que seu nome verdadeiro era Mohammed Diab Ibrahim al-Masri. Mas só.

O anúncio de sua morte ocorreu enquanto eram velados em meio a multidões Haniyeh e Shukr, elevando ainda mais a tensão na região. Quando elencou na véspera vitórias militares recentes de Israel, o premiê Binyamin Netanyahu disse que o país tinha de se preparar para dias desafiadores à frente.

Já nesta quinta, o ministro Yoav Gallant (Defesa), voltou a dizer que o país está preparado para a ampliação da guerra, seja ao norte com o Hezbollah, ou mesmo com o Irã. Ele disse que a morte de Deif mostra que “o Hamas está se desintegrando” e instou os combatentes restantes em Gaza a se render.

A combinação de fatores parece sugerir que o governo Netanyahu pretende reduzir a intensidade da guerra naquela região e, de fato, pagar para ver a aposta contra seus outros adversários regionais.

Qual o papel do seu fiador, os EUA, nisso, é incerto: o premiê esteve na semana passada com o presidente Joe Biden, a vice Kamala Harris e o candidato republicano Donald Trump. Desde então, Israel abandonou a retórica em favor de um cessar-fogo com o Hamas e promoveu os ataques mortais de terça e quarta.

Antes deles, outros líderes do grupo também haviam sido assassinados. O vice de Haniyeh, Saleh al-Arouri, foi morto em um ataque de drone em Beirute em janeiro. Em março, Israel disse ter matado Marwan Issa, o outro comandante do braço militar do Hamas, conhecido como Brigadas Al-Qassam, e vice de Deif.

Agora, resta como alvo importante antes da chegada de novas lideranças Sinwar, coautor do 7 de outubro, que trafegava na mesma via de radicalismo que Deif, não raro em oposição a Haniyeh. A guerra em si continuar: nesta quinta, Israel disse ter atacado dezenas de alvos em Gaza. Pelo menos 13 pessoas foram mortas, segundo médicos locais.

IGOR GIELOW / Folhapress

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