SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O governo de Israel está investigando como um drone do Hezbollah conseguiu furar suas defesas aéreas na noite do domingo (13), caindo sobre uma base militar de elite no norte do país e deixando 4 mortos e 58 feridos.
“Nós temos que investigar, aprender sobre seus detalhes e, rapidamente e de forma eficaz, implementar as lições”, disse o ministro da Defesa, Yoav Gallant, nesta segunda (14). Ele visitou o local do ataque, perto de Binyamina.
O “sério incidente que resultou em consequências dolorosas” ocorreu por volta das 18h30 (12h30 em Brasília), quando os soldados do centro de treinamento da Brigada Golani jantavam. Segundo a mídia israelense, há dois anos membros da unidade de elite haviam publicado um vídeo mostrando em detalhes o local, o que não deve ter passado despercebido dos rivais libaneses.
A investigação inicial do caso aponta que dois drones haviam sido lançados do sul do Líbano fazendo a rota pelo Mediterrâneo. Um deles foi abatido por navios de Israel na costa de Nahariya, mas o outro escapou das defesas, talvez por voar bem baixo.
“Temos de oferecer melhor proteção”, disse o porta-voz das Forças Armadas, Daniel Hagari. Nesta segunda, o Hezbollah voltou a atacar a área, aparentemente mirando uma base naval ao norte de Haifa, mas Tel Aviv disse ter derrubado os dez foguetes lançados.
A região de Haifa virou um dos pontos mais atacados pelo Hezbollah desde que o conflito de atrito com Israel, iniciado para apoiar a guerra lançada pelo Hamas palestino com o ataque terrorista de 7 de outubro de 2023, virou um embate aberto.
Em três semanas, Israel atacou pesadamente a infraestrutura do grupo libanês, matou seu líder e diversos outros comandantes, e invadiu o sul do país vizinho. O Hezbollah, por sua vez, manteve os ataques assimétricos -com toda a fronteira norte já evacuada, sem 60 mil de seus moradores, o foco se voltou para a área de Haifa.
Com 265 mil habitantes e uma conurbação à sua volta com cerca de 1 milhão de pessoas, o principal porto israelense é a terceira área mais habitada do país, depois de Tel Aviv e Jerusalém. Sirenes soam diversas vezes por dia lá.
Já no Líbano, segue a nova polêmica da guerra, com o choque entre Israel e a Unifil, a força de paz da ONU no sul do país.
No domingo, tanques israelenses foram acusados de invadir e atirar contra um QG da missão, enquanto o premiê Binyamin Netanyahu disse que os soldados multinacionais estavam sendo usados pelo Hezbollah como escudos humanos. O chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, afirmou nesta segunda que a ação é inaceitável.
No sul do país, Israel anunciou ter matado o chefe da força de mísseis antitanque do Hezbollah, responsável por um dos aspectos mais temidos no norte do país, o disparo de modelos Kornet russos.
Na frente originária da atual guerra, a Faixa de Gaza, ao menos dez pessoas morreram após ataque israelense que, segundo a agência da ONU na região, atingiu um centro de refugiados no hospital Mártires de Al-Aqsa, em Deir al-Balah.
As forças de Tel Aviv disseram ter mirado uma célula do Hamas no local. Seja como for, Israel está aumentando a pressão pela desocupação do norte de Gaza nas últimas semanas.
O objetivo presumido é o de criar um tampão protegendo cidades como Sderot e Ashkelon, mas críticos de Netanyahu suspeitam que ele pretende colonizar a região com assentamentos ilegais. Nas contas palestinas, já morreram 42,3 mil pessoas neste ano de guerra na região.
Enquanto isso, segue o suspense acerca da retaliação israelenses pelo ataque com mísseis do Irã contra o país, que completará duas semanas nesta terça (15). O anúncio dos EUA do envio de um sistema de defesa aérea de alta altitude e de cem soldados para operá-lo sugere uma estratégia coordenada em curso, restando saber o grau da ação.
Na Cisjordânia, a frente menos debatida da atual guerra, forças de Israel invadiram o campo de refugiados de Jenin, um bairro da cidade homônima. Segundo Tel Aviv, foi desmantelada uma célula terrorista, e uma pessoa morreu.
IGOR GIELOW / Folhapress