SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O Exército de Israel disse nesta quarta-feira (29) ter assumido o controle de um corredor estratégico que separa a Faixa de Gaza do Egito. Segundo Tel Aviv, a área capturada está cheia de túneis que são usados para abastecer o grupo terrorista Hamas com armamentos e outras mercadorias contrabandeadas.
O chamado Corredor Philadelphi é uma zona-tampão com 14 quilômetros de extensão e 100 metros de largura. Quando Israel e Egito assinaram um acordo de paz em 1979, Tel Aviv ficou com o controle da área. Em 2005, porém, o país retirou seus assentamentos de Gaza, e o poder foi transferido para as autoridades palestinas. Esse arranjo havia sido mantido desde então, mesmo com a chegada do Hamas ao poder.
A tomada do corredor pode levar ao isolamento total da Faixa de Gaza, o que implicaria em um agravamento da crise humanitária que assola o território palestino.
O principal porta-voz das Forças Armadas de Israel, Daniel Hagari, afirmou que os túneis sob o corredor deram fôlego à facção na atual guerra contra Tel Aviv. Até esta quarta-feira, acrescentou ele, os militares israelenses tinham localizado cerca de 20 estruturas que conectam Gaza ao Egito.
A inteligência israelense já tinha conhecimento de alguns dos túneis havia meses, enquanto outros foram descobertos nos últimos dias, de acordo com o jornal The Times of Israel. Parte das estruturas foi demolida pelas forças de Israel, que teriam comunicado as ações às autoridades egípcias.
“Nossas tropas encontraram dezenas de lançadores de foguetes e morteiros que seriam disparados contra Israel. […] O Corredor Philadelphi serviu como linha de oxigênio para o Hamas, que o usava regularmente para contrabandear armas à Faixa de Gaza”, disse Hagari. Segundo ele, a facção se aproveitou do corredor para construir infraestrutura a poucos metros da fronteira com o Egito, numa tentativa de coibir ataques israelenses.
Uma autoridade egípcia negou, sob anonimato, os relatos israelenses sobre a existência de túneis na fronteira entre Gaza e Egito, de acordo com a emissora Al-Qahera News afiliada ao regime do Cairo.
Ainda não é possível saber como o regime reagiu à captura do corredor. Nos últimos meses, autoridades egípcias vinham criticando o avanço de Israel contra a cidade de Rafah, no sul de Gaza.
Por meses, Rafah foi considerada o último refúgio da guerra para mais de 1 milhão de moradores do território palestino quase metade da população total. Os bombardeios de Tel Aviv se concentravam no norte e na área central de Gaza, poupando o sul. O cenário atual, porém, é de cerco ao município.
No último dia 7, Israel assumiu o controle total da passagem de Rafah, próxima do Egito. A ação limitou ainda mais a entrada de recursos ao território palestino, que registra grave crise humanitária.
Cerca de 1 milhão de pessoas já fugiram de Rafah nas últimas três semanas, diante da ampliação das operações militares de Israel na cidade do sul da Faixa de Gaza, de acordo com informações da UNRWA, agência da ONU (Organização das Nações Unidas) para refugiados palestinos, divulgadas na terça (28).
Na última sexta-feira (24), o tribunal determinou que Israel interrompesse imediatamente sua ofensiva terrestre em Rafah em resposta a um pedido da África do Sul o que não aconteceu. A audiência é parte do processo que começou em dezembro do ano passado, quando o país africano acusou Israel de descumprir a Convenção Internacional contra o Genocídio em sua guerra na Faixa de Gaza.
Redação / Folhapress