BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – Em novo episódio que aumenta os temores relacionados a um conflito amplo em todo o Oriente Médio, o Exército de Israel atacou na noite desta sexta-feira (25) alvos militares do Irã. Fortes explosões foram ouvidas em Teerã e nos arredores da capital, de acordo com relatos da imprensa local, ligada ao regime.
A TV estatal do país informou que fortes explosões foram ouvidas em regiões próximas de Teerã. Além da capital, a cidade de Karaj teria sido um dos alvos da ofensiva.
A imprensa estatal afirma ainda, mencionando funcionários de inteligência do regime, sem nomeá-los, que a origem dos estrondos poderiam ser da “ativação do sistema de defesa aérea”. Já a agência Tasnim diz que “nada havia sido relatado sobre o som de foguetes ou aviões no céu de Teerã”.
A TV estatal da Síria, por sua vez, também afirmou que explosões foram ouvidas na capital do país, Damasco.
Não havia, até a publicação deste texto, comentários oficiais do regime iraniano sobre o ocorrido.
“Em resposta aos meses de ataques contínuos do regime do Irã contra o Estado de Israel, neste momento as Forças de Defesa de Israel estão conduzindo ataques de precisão contra alvos militares no Irã”, afirma o porta-voz da Forças Armadas do país, Daniel Hagari, em comunicado.
“Como todo país soberano no mundo, o Estado de Israel tem o direito e o dever de responder”, diz. “Nossas capacidades de ataque e defesa estão totalmente mobilizadas.”
De acordo com a rede americana Fox News, o governo dos Estados Unidos foi notificados do ataque por Israel pouco antes do início da ação.
Após o início da operação, a Casa Branca afirmou que Israel conduziu a ofensiva em legítima defesa, e autoridades do governo Biden disseram que não houve participação americana no ataque, segundo a agência Reuters.
A ofensiva de Israel é uma resposta ao ataque executado pelo Irã com cerca de 200 mísseis no início de outubro, por sua vez anunciado como uma retaliação pela morte de Hassan Nasrallah, então líder do grupo xiita libanês Hezbollah.
A facção xiita é fomentada, financiada e armada pelos iranianos, e também é aliada do grupo terrorista palestino Hamas, cujo ataque a Israel no dia 7 de outubro de 2023 deu início à guerra atual na região.
Aquela foi apenas a segunda ofensiva do Irã contra território de Israel. A anterior, inédita, havia ocorrido em abril, em meio à escalada do conflito de Tel Aviv contra o Hamas na Faixa de Gaza.
Logo após a ação iraniana, Israel disse que iria retaliar. Segundo o jornal Washington Post, Netanyahu prometeu ao governo Joe Biden que não iria atacar alvos ultrassensíveis do Irã, como instalações nucleares ou infraestrutura petrolífera, mas sim bases militares.
Enquanto preparava o ataque retaliatório, continuou suas ofensivas contra alvos do Hezbollah, no Líbano, e do Hamas, na Faixa de Gaza. Um dos alvos foi o arquiteto dos atentados terroristas de 7 de outubro e chefe do grupo palestino, Yahya Sinwar, que foi assassinado no último dia 17.
Entre julho e outubro deste ano, Tel Aviv praticamente eliminou a cúpula da facção palestina. Além de Sinwar (pronuncia-se “sinuár”), também foram assassinados no período os líderes das alas política e militar do Hamas, Ismail Haniyeh a quem o “açougueiro de Khan Yunis”, como Sinwar era conhecido, sucedeu e Mohammed Deif.
Antes disso, os braços direitos de ambos Deif e Haniyeh haviam sido mortos: Saleh al-Arouri, vice-chefe político, em janeiro, e Marwan Issa, vice-comandante, em março.
A morte de Haniyeh foi particularmente marcante devido às circunstâncias em que aconteceu. O líder foi assassinado em Teerã logo depois de participar da posse do novo presidente do país, Masoud Pezeshkian, tornando o envolvimento da nação persa na guerra incontornável o país é o principal fiador do Hamas.
GUILHERME BOTACINI / Folhapress