SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Israel bombardeou a cidade de Rafah, no sul da Faixa de Gaza, neste sábado (25), um dia após a CIJ (Corte Internacional de Justiça) determinar que o país cesse a ofensiva militar terrestre nesta região. Ataques aéreos e disparos de artilharia também atingiram outras áreas no sul (Khan Yunis), no centro (Deir Al-Balah e Nuseirat), e no norte (Jabaliya e Cidade de Gaza) do território palestino, segundo a agência AFP.
Como ordem do principal tribunal da ONU (Organização das Nações Unidas), Tel Aviv deve “interromper imediatamente a sua ofensiva militar e quaisquer outras ações na cidade de Rafah que imponham aos palestinos de Gaza condições de vida que possam levar à sua destruição física total ou parcial”. A corte de Haia não tem, no entanto, meios para fazer com que o país cumpra a decisão.
Ainda assim, a determinação deve aumentar a pressão sobre as autoridades israelenses. O primeiro-ministro Binyamin Netanyahu enfrenta várias críticas pela guerra inclusive da CIJ, que chamou de “desastrosa” a condução sobre a questão humanitária em Gaza e lida com um crescente isolamento internacional.
O premiê da Espanha, Pedro Sánchez, em coordenação com Noruega e Irlanda, anunciou que na próxima terça-feira (28) o seu governo reconhecerá a Palestina como Estado. Israel criticou a iniciativa e convocou os seus embaixadores nos três países para consultas.
O governo britânico, por outro lado, discordou da ordem de suspensão das ofensivas militares e afirmou que a determinação beneficia o grupo terrorista Hamas.
“O motivo de não haver uma pausa nos combates é porque o Hamas recusou uma oferta de reféns muito generosa de Israel. A intervenção desses tribunais incluindo a CIJ hoje fortalecerá a visão do Hamas de que eles podem manter reféns e permanecer em Gaza”, disse um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do Reino Unido na sexta-feira (24).
A decisão atende a um pedido da África do Sul. Na semana passada, uma equipe jurídica do país instou a corte a impor mais restrições à incursão de Israel à Rafah, afirmando que era “o último passo na destruição de Gaza e seu povo”.
Os profissionais sul-africanos apontaram também que o controle de Israel sobre os dois principais cruzamentos de fronteira no sul de Gaza, Rafah e Kerem Shalom, impede a entrada de ajuda, mergulhando Gaza em “níveis sem precedentes de necessidade humanitária”.
O envio de insumos para os habitantes de Gaza se tornou ainda mais difícil desde que as tropas israelenses entraram na cidade de Rafah no início de maio, apesar da oposição da comunidade internacional e dos Estados Unidos, principal aliado de Tel Aviv.
Como resposta, o Exército americano instalou um cais temporário na costa de Gaza que, segundo um porta-voz da ONU, permitiu o desembarque de 97 caminhões de ajuda. Além da suspensão dos ataques, a CIJ ordenou que Israel permita a entrada de insumos em Rafah pela passagem fronteiriça com o Egito.
Durante a deliberação sobre o assunto, o tribunal afirmou não estar convencido de que os avisos sobre retirada de civis e outras medidas tomadas por Israel sejam suficientes para diminuir os danos aos palestinos. Até agora, a guerra Israel-Hamas matou mais de 35 mil pessoas na Faixa de Gaza, segundo autoridades de saúde palestinas.
A Corte de Haia pediu também a “libertação imediata e incondicional” dos reféns sequestrados pela organização extremista Hamas no ataque de 7 de outubro de 2023 ao sul de Israel.
Neste sábado, uma fonte do governo israelense afirmou que o país pretende retomar nesta semana as discussões para resgatar estas pessoas. “Existe a intenção de retomar as negociações esta semana e há um acordo”, declarou o funcionário, que pediu anonimato, à agência AFP.
As negociações foram paralisadas no início do mês, depois que Tel Aviv iniciou a incursão em Rafah. Segundo a imprensa israelense, o diretor do Mossad (agência de inteligência de Israel), David Barnea, concordou com a retomada durante reuniões em Paris com o diretor da CIA (agência de inteligência americana), Bill Burns, e com o primeiro-ministro do Qatar, Mohamed bin Abdulrahman al-Thani, ambos representantes dos países mediadores.
Redação / Folhapress