SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Israel bombardeou a sede da emissora estatal do Irã nesta segunda-feira (16), interrompendo uma transmissão ao vivo e deixando o prédio da TV em chamas, segundo vídeos e imagens do local.
A apresentadora que falava no momento do ataque foi identificada pela imprensa estatal iraniana como Sahar Emani. Ela criticava Tel Aviv quando foi interrompida pelo som de uma explosão que sacudiu o prédio, seguida de gritos. O estúdio se encheu de fumaça enquanto a profissional saía às pressas.
Após o ataque, o Irã emitiu um chamado de retirada para os canais N12 e N14 de Israel. “Esta ordem é uma resposta ao ataque hostil do inimigo sionista contra o serviço de radiodifusão da República Islâmica do Irã”, afirmou a TV estatal persa.
A emissora retomou a transmissão após o ataque e mostrou o prédio em chamas sob nuvens de fumaça. Um jornalista da TV 1 afirmou que quatro bombas haviam atingido a construção e que o número de mortos ainda era incerto.
O vice-diretor da TV, Hassan Abedini, afirmou que o ataque deixou feridos, sem especificar imediatamente um número. “O regime [Israel] desconhecia o fato de que a voz da Revolução Islâmica e do Grande Irã não seria silenciada por uma operação militar”, disse ele. Já o chefe da emissora, Peyman Jebelli, afirmou em um comunicado que a guerra não irá atrapalhar a determinação da TV de “alcançar uma vitória midiática”.
Pouco antes do ataque, o ministro da Defesa israelense, Israel Katz, afirmou que a televisão e a rádio estatais iranianas estavam “prestes a desaparecer”, e o Exército fez um alerta para esvaziar a região onde fica o estúdio, no nordeste de Teerã. “Atacaremos o ditador iraniano em todos os lugares”, disse ele, classificando o canal de fonte de “propaganda e incitação”.
Com o aviso, Israel parece repetir a tática que usou ao bombardear a Faixa de Gaza ou o Líbano recentemente -dizer a civis para fugir ou lidar com um ataque, mesmo quando o alvo é contra um prédio específico. Os avisos costumam provocar pânico entre a população.
O bairro fica numa área nobre e densamente povoada da capital que abriga diversos prédios importantes, como as embaixadas de Qatar, Omã e Kuwait, os escritórios da OIM (Organização Internacional para as Migrações, da ONU) e da agência de notícias AFP e vários hospitais.
Questionado pela Folha de S.Paulo se a sede da TV era qualificada por Israel como um alvo militar, o major Rafael Rozenszajn, porta-voz do Exército, disse que “o centro foi usado por forças militares para promover atividades operacionais sob a cobertura de ativos e infraestrutura civis”. “As operações no local eram dirigidas pelo IRGC -uma organização que há anos clama pela destruição do Estado de Israel e pelo genocídio de seu povo”, acrescentou.
Israel iniciou a guerra aérea na última sexta-feira (13) com um ataque sem precedentes contra o Irã que matou quase todo o alto escalão dos comandantes militares e seus principais cientistas nucleares. Agora, Tel Aviv diz que tem controle do espaço aéreo iraniano e pretende intensificar suas operações nos próximos dias.
Teerã diz que mais de 224 iranianos foram mortos, a maioria deles civis. A imprensa divulgou imagens de crianças, mulheres e idosos feridos em todo o país, e a TV estatal transmitiu cenas de prédios danificados, carros queimados e ruas destruídas na capital.
“Estou desesperado. Meus dois filhos estão assustados e não conseguem dormir à noite por causa do som da defesa aérea e de ataques e explosões. Mas não temos para onde ir. Nos escondemos debaixo da nossa mesa de jantar”, disse Gholamreza Mohammadi, 48, um funcionário público de Teerã, à agência de notícias Reuters.
Em Israel, 24 pessoas foram mortas até agora por ataques do Irã, todas elas civis. Imagens de televisão mostram socorristas trabalhando em ruínas de casas destruídas. “É aterrorizante porque é tão desconhecido”, disse Guydo Tetelbaum, 31, um chef em Tel Aviv que estava em seu apartamento quando os alertas chegaram na madrugada.
Redação / Folhapress
