Israel descumpre ultimato dos EUA para amenizar crise humanitária em Gaza, dizem entidades

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Organizações internacionais afirmam que Israel não cumpriu uma série de demandas dos Estados Unidos destinadas a amenizar a crise humanitária na Faixa de Gaza, que tem sofrido com bombardeios israelenses há mais de um ano e tem pouco acesso à ajuda externa. O prazo do ultimato americano termina nesta terça-feira (12).

Em 13 de outubro, os EUA disseram a Tel Aviv que deveria tomar medidas para ampliar a ajuda em Gaza dentro de 30 dias. Caso contrário, poderia enfrentar sanções de apoio militar. Na carta, os americanos exigiam 350 caminhões diários com mantimentos, um quinto ponto de acesso à Gaza e a limitação das ordens de retirada ao estritamente necessário.

A ofensiva em Gaza foi uma resposta aos atentados terroristas cometidos pelo Hamas em 7 de outubro do ano passado, em uma ação que deixou cerca de 1.200 israelenses mortos.

“Israel não apenas deixou de cumprir os critérios dos EUA que indicariam apoio à resposta humanitária, mas ao mesmo tempo tomou ações que pioraram dramaticamente a situação no território, especialmente no norte de Gaza”, disseram a ONG Save the Children e o Conselho Norueguês para Refugiados, em um relatório de 19 páginas.

Por mais de um mês, as forças de Israel têm avançado mais profundamente no norte de Gaza, cercando hospitais e abrigos e criando novas ondas de deslocamento em uma operação que dizem ser projetada para impedir que membros do Hamas se reagrupem.

Louise Wateridge, alta funcionária de emergência da UNRWA (Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina) em Gaza, afirmou em entrevista coletiva nesta terça, em Genebra, que o número de caminhões de ajuda para o território diminuiu em outubro, e nenhum alimento teria entrado no último mês. “As pessoas aqui precisam de tudo. Elas precisam de mais. Não é suficiente.”

Questionada sobre o que esperava de Washington em relação ao prazo, disse: “Qualquer coisa que aconteça agora já é tarde demais. Milhares e milhares de pessoas foram mortas sem sentido. Elas foram mortas porque falta ajuda, porque as bombas continuaram e porque não conseguimos nem mesmo alcançá-las sob os escombros.”

Em outubro, segundo as Nações Unidas, 37 caminhões por dia, em média, foram autorizados a entrar em Gaza —muito abaixo dos 350 diários exigidos pelos EUA e dos 600 que as agências de ajuda dizem ser necessários para atender às necessidades básicas. De 1º e 3 de novembro, 159 veículos puderam entrar na área em conflito com ajuda humanitária.

Para o chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, as palavras “limpeza étnica” são cada vez mais usadas para descrever a situação no norte da Faixa de Gaza. “A realidade dos deslocamentos forçados diários viola o direito internacional”, escreveu na rede social X, na segunda.

O Exército israelense disse nesta terça que entregou centenas de pacotes de alimentos para áreas isoladas do norte de Gaza, enquanto os combates continuavam, e que abriu a passagem de Kisufim para ajuda humanitária.

Médicos palestinos afirmam que pelo menos 24 pessoas foram mortas em ataques israelenses em diferentes partes de Gaza entre a noite de segunda e a manhã desta terça, incluindo dez pessoas em uma casa em Beit Hanoun e outras duas na cidade vizinha de Beit Lahiya. Quatro soldados israelenses morreram no norte de Gaza, disse o Exército.

O Escritório de Direitos Humanos da ONU afirmou na sexta (8) que quase 70% dos palestinos mortos em meio aos enfrentamentos na Faixa de Gaza que tiveram suas identidades confirmadas até o momento eram mulheres e crianças.

No mesmo dia, especialistas globais em segurança alimentar emitiram um aviso de fome iminente em partes do norte de Gaza.

De acordo com as Nações Unidas, projeções para o período de novembro de 2024 a abril de 2025 indicam que 91% da população analisada (1,95 milhão em Gaza) enfrentará altos níveis de insegurança alimentar aguda, com 345 mil pessoas em níveis catastróficos.

Israel disse na segunda-feira que havia cumprido a maioria das demandas dos EUA, sem entrar em detalhes. Alguns pontos ainda estariam em discussão em relação à segurança, disse um funcionário israelense a repórteres.

Washington ainda não comentou se suas condições foram atendidas. Na semana passada, o Departamento de Estado disse que Israel tomou algumas medidas para aumentar o acesso à ajuda em Gaza, mas até agora não conseguiu reverter significativamente a crise humanitária.

Redação / Folhapress

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