Israel diz que jornalistas presentes na invasão de 7 de outubro são ‘cúmplices’ do Hamas

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Uma publicação do site israelense Honest Reporting na quarta-feira (8) acusou jornalistas da Faixa de Gaza de saberem com antecedência dos atentados do Hamas contra Israel por terem acompanhado os ataques de 7 de outubro. Em resposta, o gabinete do primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, afirmou que os profissionais “foram cúmplices de crimes contra a humanidade”.

“A Diretoria Nacional de Diplomacia Pública no Gabinete do Primeiro-Ministro vê com extrema gravidade que fotojornalistas que trabalham com mídia internacional se uniram para cobrir os atos brutais de assassinato perpetrados por terroristas do Hamas”, afirmou o escritório, em nota divulgada nesta quinta-feira (9). “Esses jornalistas foram cúmplices de crimes contra a humanidade; suas ações foram contrárias à ética profissional.”

O gabinete afirmou ainda que notificou os chefes de redação de organizações de mídia para pedir esclarecimentos sobre o assunto. O Honest Reporting, veículo que monitora a imprensa para combater o que chama de “preconceito anti-Israel”, cita no texto profissionais que seriam colaboradores das agências Associated Press e Reuters, do jornal The New York Times e da emissora CNN. Segundo o site, os jornalistas tiraram fotos de sequestros, dos tanques israelenses na fronteira e da invasão de comunidades no sul do país.

Um dos nomes apontados pelo Honest Reporting é o fotojornalista freelancer Hassan Eslaiah, que produziu conteúdo para CNN e Associated Press. Ele aparece filmando e fotografando terroristas destruindo tanques israelenses.

Nas redes sociais, circula um vídeo em que uma pessoa filma, da garupa de uma moto, o que seria o trajeto de membros do Hamas rumo a um ataque em Israel. Em um dado momento da filmagem, o braço de um dos homens aparece no quadro do vídeo segurando o que parece ser uma granada. Yaari Cohen, um funcionário do Ministério das Relações Exteriores de Israel, compartilhou a gravação no X, antigo Twitter, e acusou de ser Eslaiah o homem supostamente carregando o explosivo.

Circulou nas redes também uma suposta foto de Eslaiah com Yahya Sinwar, líder do Hamas na Faixa de Gaza. A reportagem não pode confirmar a veracidade da imagem de maneira independente.

Benny Gantz, membro do gabinete de guerra em Israel, escreveu no X: “Jornalistas que tivessem conhecimento do massacre e ainda assim tenham optado por permanecer como espectadores passivos enquanto crianças eram assassinadas não são diferentes de terroristas e devem ser tratados como tal”.

De acordo com o jornal The Jerusalem Post, a Associated Press disse que não tinha nenhum conhecimento prévio do ataque. “O papel da agência é captar notícias e imagens de acontecimentos que acontecem no mundo, em qualquer momento, mesmo que sejam terríveis e envolvam vítimas”, afirmou a empresa.

Já a Reuters afirmou que não tinha ligações anteriores com os fotógrafos. “As fotografias publicadas pela Reuters foram tiradas duas horas depois de o Hamas ter disparado foguetes contra o sul de Israel e mais de 45 minutos depois de Israel dizer que homens armados cruzaram a fronteira”, disse a agência.

A emissora americana CNN, por sua vez, rompeu relações com Eslaiah, de acordo com o jornal israelense Yedioth Ahronoth. “Embora neste momento não tenhamos encontrado motivos para duvidar da precisão jornalística do trabalho que ele fez para nós, decidimos suspender todos os laços com ele”, afirmou a TV.

O ministro das Comunicações de Israel, Shlomo Karhi, afirmou ter enviado uma carta ao New York Times, publicada por ele no X. “Fomos informados de que certas pessoas dentro de sua organização, incluindo fotógrafos e outros, tinham conhecimento prévio dessas ações horríveis e podem ter mantido uma conexão preocupante com os perpetradores”, escreveu o ministro. O jornal não havia se manifestado até a tarde desta quinta-feira (9).

No dia 16, o Honest Reporting já havia divulgado uma petição para pressionar a agência Associated Press a rever a colaboração de um jornalista que eles consideraram “decididamente tendencioso contra Israel”. “Pior ainda, esse preconceito infectou seus artigos, pintando Israel como o agressor, ignorando o massacre do Hamas e repetindo descaradamente os pontos de vista do Hamas”, alega o site.

Na quarta-feira (8), o Comitê para a Proteção de Jornalistas (CPJ) divulgou que ao menos 39 jornalistas morreram enquanto cobriam a guerra –mais que o dobro do registrado nos 20 meses da Guerra da Ucrânia, conflito que registrou 17 vítimas entre profissionais de imprensa.

Ao todo, 10.812 pessoas já morreram em Gaza, de acordo com autoridades locais, e 40% delas eram crianças. Os ataques do Hamas em Israel no dia 7 de outubro mataram cerca de 1.400 pessoas –a grande maioria civis, incluindo crianças e idosos.

Redação / Folhapress

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