SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Israel e Hamas concordaram em estabelecer pelo menos três dias de “pausa humanitária” nos conflitos na Faixa de Gaza para permitir que funcionários de saúde das Nações Unidas administrem vacinas contra a poliomielite no território palestino, informou nesta quinta-feira (29) a Organização Mundial da Saúde.
A campanha de vacinação está prevista para começar no próximo domingo (1º). Segundo Rik Peeperkorn, alto funcionário da OMS para os territórios palestinos, o acordo prevê que as pausas ocorram entre 6h e 15h no horário local.
A campanha deve começar na parte central de Gaza com uma pausa de três dias nos combates. Depois, segue para o sul do território, para mais três dias de interrupções, e se encerra com mais três dias na região norte da Faixa. Em todas as etapas, segundo Peeperkorn, existe a possibilidade de que as pausas sejam estendidas para um quarto dia.
As autoridades de Israel não responderam imediatamente a uma pergunta da agência de notícias AFP sobre esse anúncio, mas o primeiro-ministro Binyamin Netanyahu já havia indicado que as novas medidas “não eram uma trégua”.
De acordo com o The New York Times, mais de 1,2 milhão de doses da vacina contra a poliomielite chegaram à Gaza na segunda-feira (26), em preparação para um esforço abrangente de imunização de mais de 640 mil crianças palestinas e para conter um possível surto.
O Ministério da Saúde de Gaza, ligado ao Hamas, confirmou que as vacinas haviam chegado à região, segundo o jornal americano, e que os preparativos para iniciar a campanha de imunização de crianças menores de 10 anos estavam em andamento.
As doses chegam após o primeiro caso da doença no território em 25 anos ter sido confirmado neste mês. O diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, disse em um comunicado nesta quinta que uma criança de 10 meses em Gaza contraiu poliomielite e ficou com uma perna paralisada.
Não ficou imediatamente claro quão rapidamente as vacinas poderiam ser distribuídas para os centros médicos em Gaza, especialmente depois que a ONU disse na segunda-feira que suas operações humanitárias paralisadas foram temporariamente interrompidas depois que o Exército israelense ordenou a retirada de civis da cidade de Deir al-Balah, onde a agência tem suas operações centrais.
Soma-se às perspectivas negativas o fato de que a maior parte dos hospitais e clínicas de saúde da região estão fechados ou funcionando apenas parcialmente como resultado do conflito.
CISJORDÂNIA BOMBARDEADA DE NOVO
Israel anunciou também nesta quinta que matou mais sete combatentes palestinos, o que eleva para 17 o número de mortos nas 48 horas desde que as Forças israelenses iniciaram a operação com bombardeios e incursões com veículos blindados nas cidades de Jenin, Nablus, Tubas e Tulkarem.
A intervenção israelense despertou “profunda preocupação” na ONU, que alertou que a situação poderia “alimentar uma situação já explosiva na Cisjordânia ocupada”. O secretário-geral da entidade, António Guterres, defendeu na rede social X o “fim imediato” da operação e condenou “firmemente a morte, especialmente de crianças”.
As incursões militares israelenses são comuns na Cisjordânia, território palestino ocupado por Israel desde 1967. No entanto, é incomum que sejam realizadas simultaneamente em várias cidades.
O Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (Ocha) afirma que mais de 630 palestinos foram mortos na Cisjordânia desde o 7 de Outubro. Nos três anos anteriores à data do ataque do Hamas que iniciou a guerra atual, a entidade contabilizou seis palestinos fmortos por ataques aéreos israelenses na Cisjordânia, todos durante 2023.
Em Gaza, o número de mortos alcançou a marca de 40.630, de acordo com o último balanço do Ministério da Saúde local, controlado pelo Hamas.
Redação / Folhapress