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Israel faz guerra secreta com drones, mísseis e hackers no Irã

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – As primeiras salvas do ataque israelense ao Irã não foram lançadas pelos poderosos caças de Israel, e sim por ações coordenadas de uma rede de espiões infiltrada no rival nos últimos meses ou até anos.

Mísseis disparados por controle remoto e drones foram empregados contra bases militares, e ao que tudo indica o arsenal dessa guerra secreta não foi todo gasto: nesta terça (17), os serviços de um dos principais bancos iranianos, o Sepah, caíram.

Segundo Teerã, tratou-se de um ataque de hackers, provavelmente do grupo Pardais Predatórios, conhecido pelo apoio que recebe de Israel. Além de semear pânico, a ação é simbólica, dado que também foram afetados cartões de instituições ligadas a nomes da Guarda Revolucionária, a unidade pretoriana mais ideológica do regime dos aiatolás.

A lembrança imediata é a do engenhoso ataque que disparou a campanha de aniquilação do comando militar do Hezbollah libanês, que apoiava com ataques o Hamas palestino contra Israel, em setembro de 2024.

Naquele episódio, pagers e walkie-talkies preparados com minibombas começaram a explodir nos bolsos de integrantes do entorno da cúpula do grupo fundamentalista. Ao todo, 42 pessoas morreram, e cerca de 3.500 foram feridas, numa ação que envolveu a criação de uma empresa falsa no exterior para vender os aparelhos contaminados para os libaneses.

“Quando a poeira abaixar, vocês verão como algumas das surpresa na noite de quinta para sexta farão a operação dos pagers parecer até simples”, disse o embaixador israelense nos EUA, Yechiel Leiter, à rede Merit TV.

Ele repetiu, assim, a explicação dada por uma pessoa com conhecimento do assunto em Israel à Folha de S.Paulo, ao comentar a operação. Segundo ela, ainda há várias surpresas à espera dos iranianos.

Verdade ou não, o jogo psicológico funcionou. Segundo agências de notícias do Irã, o governo determinou que funcionários de órgãos sensíveis desconectem quaisquer dispositivos com informações importantes da internet, na esteira do ataque hacker ao banco.

O próprio Irã admite a guerra secreta. Na segunda (16), a agência Fars divulgou no Telegram imagens de lançadores de mísseis Spike, da israelense Rafael, espalhados em uma área próxima a uma base aérea no oeste do país.

Eles haviam sido disparados, segundo a Fars, sem a presença de operadores —uma de suas capacidades é a de ser empregado com um temporizador controlado por computador, com ou sem soldados para apertar o botão.

O relato casa com imagens que circularam na sexta (13), dia do ataque, de mísseis sendo montados por o que se acreditava serem integrantes do Mossad, o serviço secreto externo de Israel. Nesta terça, o Irã disse ter alvejado um centro do visado órgão em Tel Aviv com mísseis.

A pessoa no Estado judeu que descreveu alguns pontos da operação disse também que drones foram lançados de dentro do território iraniano contra alvos do regime liderado pelo aiatolá Ali Khamenei.

O esquema pode lembrar o audacioso ataque da Ucrânia contra bases de bombardeiros estratégicos da Rússia, no começo do mês, quando pequenos quadricópteros com uma munição e guiagem por imagem foram lançados do teto falso de cargas contrabandeadas, levadas por caminhoneiros russos que não sabiam, em tese, o que transportavam.

Ali, é evidente que houve infiltração de espiões ucranianos, mas é preciso lembrar que há uma grande e porosa fronteira entre os países. Só de fronteira a fronteira, por terra são mais de mil quilômetros separando Israel de Irã, com Jordânia e Iraque no meio. Isso contando uma rota que não é lógica em termos de exequibilidade.

Assim, como lembrou a pessoa que falou com a reportagem, é uma operação que estava há meses ou anos em elaboração, esperando a janela política para a decisão do ataque. A rede Tasnim News mostrou imagens de uma fábrica de componentes de drones descoberta no sul de Teerã, algo que não se monta da noite para o dia.

Outro sinal claro de movimentação interna, que também deve contar com dissidentes, foi a morte de mais de 20 comandantes militares iranianos em ações pontuais ao longo da campanha. Houve caso em que apenas o quarto em que a vítima dormia foi atingido por um míssil, o que exige trabalho de triangulação em solo e informações em tempo real.

Com isso, os serviços de segurança de Israel buscam recuperar também o prestígio perdido com o desastre de inteligência do 7 de outubro de 2023, quando o Hamas palestino lançou o mais mortífero ataque terrorista da história do Estado judeu, matando 1.200 pessoas.

A ação, que levou à obliteração da Faixa de Gaza, área governada pelo Hamas, desembocou em conflitos que passam por pagers explodindo em Beirute ao bug bancário de Teerã agora, além de muito sangue.

Nela, a culpa não ficou com o Mossad, o serviço secreto para ações internacionais de Israel que operou no Líbano e no Irã agora, e sim com o Shin Bet, que faz o mesmo trabalho de forma interna. Por óbvio, esses órgãos e a inteligência militar, conhecida como Aman, deveriam trabalhar de forma coordenada.

Investigação concluída em março deste ano listou as falhas, que foram de leitura incorreta de sinais à falta de espiões infiltrados em Gaza. Pressionado, o premiê Binyamin Netanyahu tentou derrubar o chefe do Shin Bet, Ronen Bar, abrindo uma crise política que foi solucionada quando o espião anunciou que deixaria o posto em neste domingo (15), o que ocorreu.

IGOR GIELOW / Folhapress

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